terça-feira, outubro 11, 2022

alvos civis & crimes de guerra, tudo serve para manter a manada em estado bovino (ucranianas CXXXIII)

Ouvi ontem dois militares credíveis, o coronel Mendes Dias, primeiro, e depois o major-general Carlos Branco, dizerem que a Rússia enviara duzentos ou mais projécteis para a Ucrânia (e não os cerca de oitenta anunciados). A Ucrânia informou ter abatido cerca de quarenta, pelo que restam à volta de cento e sessenta. Se as informações ucranianas estão certas -- embora não sendo de fiar --, morreram dezanove pessoas, está-se mesmo a ver a lengalenga para enganar os incautos e conduzir a manada à aceitação acrítica das consequências da guerra que eles próprios fomentam. 

Cento e sessenta mísseis e dezanove mortos? Ou os ucranianos têm o guarda-chuva de Nosso Senhor, porque caíram no caldeirão de água-benta em pequeninos (embora o patriarca de Moscovo reze pelos seus), ou os russos visam mesmo alvos legítimos, estando nós diante de mais uma trafulhice em que esta guerra é fértil, com a passividade batráquia da generalidade dos líderes europeus, impotentes para lidar com a pressão americana, e os peões de brega do Pentágono na Europa -- do aborto do n.º 10 à tríade da UE, já para não falar de uma boa parte do comentariado, do Serafim Saudade às descabeladas que andam desde Fevereiro a dizer que "já estamos em guerra", insuportáveis tontas. 

O título ontem de manhã, no inserçor da inefável sic notícias era mais ou menos assim: Rússia bombardeia um parque infantil; claro que como a caricatura era demasiada, até para aqueles toscos, a voz off lá dizia estar o espaço de lazer (pelas imagens, parece tratar-se de um parque urbano com um equipamento para crianças) na área onde se situam os serviços secretos ucranianos. Ao lado, na tvi/cnn, sempre se dizia que um dos ataques fora feito nas imediações do tal parque. 

Os pobres pivôs caem que nem patos, e têm de ouvir os militares, com contida ironia, dizer que nenhum país, se outras razões não houvesse, desperdiça um míssil que custa largos milhares a atacar parques infantis ou centros comerciais; e que para intimidação basta senti-los passar por cima das cabeças, não é preciso estragar o baloiço do parque ao lado. Claro que o perito lá tem de explicar que por acção bem sucedida de uma antiaérea, os destroços do míssil entretanto neutralizado vão cair onde calha.

Em tempo: acabo de ler que outro clown, o Stoltenberg:"Se Putin ganhar ficamos todos em perigo". Só faltou  um Eia! para a manada. O perfunctório norueguês que o vá dizer aos iraquianos que há vinte anos foram abençoados pelas descargas da verdadeira democracy, com o incentivo do senil que está agora em Washington, mas que há duas décadas era só um poltrão.


2 comentários:

Arber disse...

E que tal aquele comentador/funcionário/editor de não sei quê da CNN, que descreveu a chuva de mísseis como bombardeamentos indiscriminados, reveladores de desorientação dos russos, que revelaram enorme falta de eficácia, pois SÓ provocaram... 11 mortos?!
O desgraçado aqui fez uma pausa, viu a asneira que disse, mas prosseguiu desculpando-se "não é que o número de mortos sirva para medir a eficácia...".
Claro que não, seu idiota!

R. disse...

E a cnn/tvi, apesar da propaganda desavergonhada da casa-mãe, é, paradoxalmente, a que parece ser mais equilibrada no lote de comentadores; sei que também há alguns nas outras, mas só vejo por acidente.