Apesar de faltarem quase três dias para o fim do ano, e sabermos que a perfídia das indústrias da guerra é ilimitada, e aque té à tomada de posse de Trump seja de esperar qualquer tipo de golpada, arrisco já:
1. O que mais favoravelmente me impressionou.
1.1.Putin perante os asnos do Ocidente. Sem dúvida, a capacidade de resistência da Rússia pela forma como conseguiu contornar uma preparadíssima ofensiva bélica, não tanto pelas armas, mas nas várias tentativas de estrangulamento económico e político, todas tendo falhado, o que é hilariante no meio da tragédia. Militarmente, Putin optou primeiro pela pressão, no que falhou; depois pela contenção, com custos elevados em vidas e equipamento, porém não varrendo a Ucrânia do mapa, ao contrário do que os israelitas fazem na faixa de Gaza. Depois, a resistência à propaganda manhosa estipendiada pelo complexo militar-indusrial americano: hoje, até um lémure de Madagáscar percebe que a guerra da Ucrânia é um enfrentamento entre russos e americanos e que a Ucrânia é um território em que se combate, com líderes ucranianos que sacrificaram parte do seu (?) povo a interesses estrangeiros, v.g., os dos Estados Unidos e suas corporações.
1.2. A fibra (e os tomates) dos comentadores decentes (o que significa que há comentadores indecentes). Voltemos a referir-lhes os nomes, uma e outra vez: Agostinho Costa e Carlos Branco em primeiro lugar (dos que têm assento nas televisões). Informados, objectivos, não se deixando intimidar por jornalistas ignorantes e atrevidos nem pelo lixo académico que por aqueles estúdios é despejado. Acrescento ainda os nomes de Mendes Dias e Tiago André Lopes, este da Universidade, uma das poucas excepções para a miséria que a academia enviou para as televisões. Nos jornais, impecável, Viriato Soromenho Marques (ler aqui a crónica deste sábado no DN); e nas plataformas digitais (pois para as televisões não é convidado, evidentemente) Carlos Vale Ferraz (ler aqui) . Outros existem, felizmente, mas ou são silenciados (onde está o general Pezarat Correia, ainda muito lúcido, nos seus mais de noventa anos?) ou escrevem em media de menor difusão.
2. O lixo
2.1. A miséria moral do Ocidente diante da matança indiscriminada de palestinos em Gaza.
2.2 A cobardia depravada, ignorância, inconsciência, incompetência e oportunismo até à traição da clique que lidera os países europeus mais poderosos (Inglaterra, França. Alemanha e Itália), o seu servilismo canino e as entorses à democracia. Sim, com esta guerra as liberdades regrediram na Rússia -- ela que nunca fora tão livre e próspera como o foi com Putin -- mas regrediram também, e de forma nunca vista desde a derrota do nazismo e do fascismo na Europa Ocidental: manipulação às escâncaras, censura (aos media russos e às vozes discordantes ou independentes), intervenção nas eleições de países europeus, dentro e fora da UE (Roménia, Geórgia).
O que sairá disto tudo? Não sei. Alemanha e França politicamente nas lonas. A seguir, a própria UE? Ou até à lavagem dos cestos, no final de Janeiro, será vindima? Com criaturas destas é sempre de esperar o pior.
Em tempo: esqueci-me de referir Miguel Sousa Tavares, que, desde o início, honra a profissão do jornalista que foi e tem sido sempre uma das vozes lúcidas do comentário. (visto aqui).
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