«----------------- um dos quais, cão de fora e jamais identificado, foi aquele que chamou a atenção dum pescador local e o levou à descoberta do cadáver. Este cão parece que tinha sobrancelhas amarelas, que é coisa de rafeiro lusitano. Provavelmente andava à divina pela costa e como tal deve ter pernoitado na zona dos banhistas que nesta época do ano se resume a algumas armações de ferro e pavilhões a hibernar. Pelo terreno encontravam-se restos de férias, farrapos de jornais soterrados no areal, um sapato naufragado, embalagens perdidas; a bóia de socorros a náufragos sempre à vista, dia a enoite; refugos de marés vivas; o conhecido cartaz PORTUGAL, Europe's Best Kept Secret, FLY TAP crucificado num poste solitário. Foi neste verão fantasma que o cachorro em viagem se veio acolher.» José Cardoso Pires, Balada da Praia dos Cães (1982)
quinta-feira, janeiro 12, 2023
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