segunda-feira, julho 04, 2022

o jornalismo que se nega a si próprio (ucranianas CVIII)

Uma das grandes batalhas da NATO & Associados tem sido a de manter a espumar a opinião pública ignara. Portanto, como se não chegasse os horrores da guerra e a população civil sacrificada aos interesses que não são os seus, é preciso estimular os sentimentos naturais das pessoas de compaixão, solidariedade e outros menos nobres.

Os russos tomam Lysychansk, o título desta folha de couve é "Kiev aponta à reconquista de Lysyschansk"

Não me lembro de o jornalismo andar tão por baixo, ser tão incompetente e servir objectivamente, não a informação, mas a propaganda e os interesses de uma potência, que alegadamente são também os nossos. Para os palma cavalinhos e demais analfabetos, talvez sejam. O que o jornalismo deve fazer é relatar os factos; dizer que Kiev aponta a reconquista de uma cidade perdida é zero de informação; vale tanto como dizer que Lisboa aponta à reconquista de Olivença, ilegalmente ocupada por Espanha, sem grandes problemas para quem lá vive.

Post-Scriptum: já há algum tempo que quero corrigir uma apreciação inicial positiva que fiz de Sónia Sénica, comentadora na CNN/TVI, que continua a ser o canal cuja parte portuguesa melhor trabalho faz (os enlatados da casa-mãe, são mera propaganda para um público embrutecido.) Enganei-me e revogo. Na área das Relações Internacionais e arredores, dos que tenho visto -- e é impossível ver todos --, o mais isento e equilibrado tem sido, claramente, Tiago Ferreira Lopes, da Universidade Portucalense, no mesmo canal.

Como tenho dito, é possível ter opinião, tomar partido por um dos lados, e ser-se honesto e competente. Há alguns casos, poucos.


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