quinta-feira, fevereiro 24, 2022

Ucrânia e simplismos: a situação exige perguntas, ou quando um porco é sempre um porco

1. Declaração prévia. Sou pela autodeterminação dos povos. Isto serviria para apoiar a luta anticolonialista de Angola, Guiné e Moçambique, se houvera idade para tal na altura (nasci em 1964); isto serve para o povo ucraniano e serve para o povo russo, nomeadamente o que vive no Donbass (como serve para os catalães e outros). Ou há convicções e somos coerentes, ou não passamos de troca-tintas. E eu nunca pude com troca-tintas, causam-se repulsa, inclusive física. Logo. de acordo com os russos no Donbass, em desacordo se pretenderem suprimir o estado ucraniano, algo que duvido possam conseguir, mesmo se isto passa pela cabeça do Putin. No entanto, a Ucrânia só pode queixar-se dela própria, e do amigo-da-onça americano. Democracy, sempre. Que o diga o Assange aí ao lado, ou o Snowden no exílio. Um porco é sempre um porco.

2. Dir-me ão, mas não se pode andar a mudar fronteiras pela força (os restos dos Impérios soçobrados na Grande Guerra). E eu digo, ah, pois não... A não ser que...

3. Pergunta importante #1 e a ser repetida as vezes que me apetecer: é ou não verdade que tomaram para com Gorbachev o compromisso de não expandir a NATO, nomeadamente aquando da reunificação alemã? 

4. Embora o poder corrompa (e o poder absoluto corrompa absolutamente), recuso-me a análises ao nível do programa do Goucha. Ainda hoje ouvi na Antena 1 ao Milhazes esta pérola: o Putin é paranóico. Acho que a minha cadela faria uma análise mais fina. Ainda não percebi o que é o Milhazes, mas também não vou perder tempo com ele.

5. Repetindo-me: a Ucrânia não podia ser como a Finlândia? Poderia, se ela não estivesse a ser usada pelos americanos na desestabilização da Rússia (posso tentar explicar, noutra altura). Além disso, há sempre boas oportunidades de negócio. E poderia também se as lideranças fossem outras, embora em abstracto eu não tenha má opinião do Zelensky. É inteligente mas não teve  arcaboiço para manter a Ucrânia imune às pressões dos interesses, o que convinhamos nunca seria fácil.

A quem interessar está aqui o que escrevi sobre a Ucrânia desde 2014. Vale o que vale, a opinião de um observador interessado, sempre de boa-fé, e que não gosta de rebanhos e ainda menos de vigaristas.

Haverá mais perguntas a fazer e a repetir.

2 comentários:

Rui Luís Lima disse...

Recomendo que veja o segmento de hoje de manhã na SIC Notícias protagonizado por Ricardo Costa sobre a Ucrânia. (9h30 - 10h) A emissão foi "cortada", passou para Kiev e continuava-se a ouvir em fundo o director da SIC.
Um abraço de um leitor atento:-)

R. disse...

Obrigado... :)

Um abraço