«Todo o trabalho insano é este: reduzir a vida a uma insignificância. Tapá-la, escondê-la, esquecê-la. O sino toca a finados, já ninguém ouve o som a finados. A morte reduz-se a uma cerimónia, em que a gente se veste de luto e deixa cartões de visita.» Raul Brandão, Húmus (1917)
«Disso dependiam todos os projectos que ele formara, desde o casamento de Deolinda, não com um valdevinos sem eira nem beira, mas com homem digno e de teres e haveres, até a velhice tranquila, numa casa grande, de telha francesa, lá em cima, nos Salgueiros -- uma casa em cuja salgadeira metesse dois porcos alentejanos.» Ferreira de Castro, Emigrantes (1928)
«Disse-me a dadivosa viúva de Vilalva que os livros estavam na adega havia mais de trinta anos, desde que o seu cunhado, que estudava para padre, morrera héctico; que o seu homem -- Deus lhe fale na alma -- mandara calcar o quarto onde o estudante acabara, e atirou para as lojas tudo o que era do defunto -- trastes, roupa e livralhada.» Camilo Castelo Branco, A Brasileira de Prazins (1882)
.jpg)

































































1 comentário:
«A Península Hispânica que no tempo dos Sufetas chegara a contar cinquenta milhões de habitantes, depois dum milenário de paz absoluta, com o furacão das conquistas e descobertas baixara para dez. Portugal, a quem por tabela competiam na fase áurea, os seus cinco a seis milhões, com D. João III estava em pouco mais de milhão e meio de almas. Filipe II, depois da batalha de Alcântara com a tropa mista do prior do Crato, incorporou apenas um milhão de vizinhos nos seus estados.»
Aquilino Ribeiro, "Luís de Camões - Fabuloso*Verdadeiro". Ensaio (1950)
Enviar um comentário