quarta-feira, julho 31, 2024

duas ou três coisas que têm de ser ditas sobre o Hamas, dirigidas à cabeça de alguns atrasados mentais do chamado centro-direita

Não sei se Ismaiyl Haniyeh, hoje abatido em Teerão pelos israelitas, era do lado moderado do Hamas, como agora muitos dizem, ou não. O que sei, ou julgo saber, é o seguinte.

Em 2007 (como então escrevi), houve uma possibilidade de o Hamas reconhecer as fronteiras de Israel de 1967, tal como o havia feito a OLP. Claro que foram ignorados e rechaçados (e já agora mantidos no lúmpen paraterrorista de onde nunca saíram). Nem os Estados Unidos, presididos pelo anedótico W., numa administração de assassinos ou carreiristas, ou a Grã-Bretanha, com o recém empossado coninhas Gordon Brown (que faz lembrar muito o actual Starmer), a dar asas diplomáticas ao criminoso de guerra Blair, permitiriam outro desfecho. Uma das muitas oportunidades perdidas para a paz, que parece cada vez mais distante.

Hanyieh podia ser líder de uma organização político-militar confessional sectária; e era. Podia ser um criminoso de guerra, e era, como são todos os que atacam civis; mas independentemente disso era o líder de uma facção palestina que luta contra a ocupação do seu país, alvo de terrorismo de estado.

Para os retardados, tão lestos em vociferar contra o Hamas, e tão contidos em condenar Israel, eis o seguinte;

1. O Hamas não é um grupo terrorista -- ou é-o tanto como o foram o PAIGC, o MPLA e a FRELIMO -- ou seja é um grupo insurgente que luta contra a ocupação estrangeira do seu território, recorrendo, por vezes, a acções terroristas, aliás imperdoáveis, como as dos ataques aos kibutz em 7 de Outubro de 2023, com a chacina que se conhece.

2. O estado de Israel é dirigido por terroristas, e por um primeiro-ministro que é também um vulgar vigarista de delito comum. A barbárie de uns não absolve ou justifica a barbária de outros. Qualquer analista ou comentador que não se apresente isento, independentemente de maior ou menos simpatia por um dos lados, não passa de um vulgar charlatão.

3. Tenho visto alguns dos pobres pivôs da CNN-Portugal (o canal noticioso menos mau, excluindo o Now, que ainda vejo pouco), tenho visto e ouvido parte daquelas verduras classificar o Hamas como terrorista. Estes meninos mereciam orelhas de burro, e talvez os professores de "comunicação social" das universidades que frequentaram. Quem designa o Hamas como terrorista são os israelitas, americanos e respectivos aliados; países do próximo e médio-oriente, a começar pela Turquia, não os designam assim. A estes meninos deveria ensinar-se-lhes de uma vez por todas que, por uma questão de compostura, não podem chamar terroristas nem ao Hamas nem já agora ao governo israelita, uma vez que isso significa tomar partido por um dos lados. E o papelito do pivô, por exemplo, não é esse.

4. Para alguns observadores: independentemente de uma maior ou menor ocorrência por cá dessa coisa estranha que dá pelo nome de antissemitismo, classificar como tal todos quantos criticam o governo criminoso de Israel é demonstração pura do seu analfabetismo funcional -- ou então, uma vez mais, da sua charlatanice. 

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