sábado, agosto 22, 2020

o dantes e o hoje - «Eurico o Presbítero» (7)

continuar: «Mais de sete séculos são passados depois que tu, ó Cristo, vieste visitar a terra.» 
Ao contrário do que sucedia com os romanos corrompidos por séculos de domínio civilizacional, o coração dos godos estava aberto a receber, nesse século IV das Invasões Bárbaras, os ensinamentos de Cristo, como os da liberdade, do amor e respeito pela mulher, o esforço e o trabalho; agora é a vez de os mesmos visigodos, perdidas essas virtudes pelas elites, se prepararem para um novo e violento ímpeto que se avizinha, sentido nesse Dia de Natal de 748 [710]. O presente horroriza.
O tom de litania reitera o do capítulo anterior, e ao poeta, diante da triste realidade que se lhe acastela diante dos olhos, Eurico anseia pelas trevas que a ocultam: «Pela escuridão da noite, nos lugares ermos e às horas mortas do alto silêncio, a fantasia do homem é mais ardente e robusta.»
Alexandre Herculano, Eurico o Presbítero (1844)
cap. V - «A meditação» (pp. 31-37)


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