«Em 1815, um dos mais abastados mercadores de panos da Rua das Flores, na cidade do Porto, era o Sr. António José da Silva. E, a 23 de Agosto do mesmo ano, o negociante da Rua das Flores que mais suava e bufava aflito com a calma era o mesmo Sr. António José da Silva. O Sr. António, como os seus caixeiros o chamavam, tinha razão para suar. As bochechas balofas e trémulas, dilatadas pelo calor do Estio, ressumavam-lhe um suco oleoso, que descia em regos pelos três rofegos da barba e vinha aderir à camisa às duas grandes esponjas, que formavam os seios cabeludos do nosso amigo atribulado.»
A Filha do Arcediago (1854)
2 comentários:
Ao lermos, estamos a ver o Sr. António, não exactamente como o Camilo (isso seria impossível) mas, decerto, muito parecido. A literatura é uma certa forma de pintura, com a particularidade de assumir infinitas expressões.
E boas férias!
É verdade, meu caro.
Já agora: grande prazer me está a dar o seu livro!
Abraço
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