«-- Senhor Morgado, pela saúde dos seus e meus tomates não me lixe mais com o caralho das quotas durante um ano e diga à Sociedade de Neurologia e Psiquiatria e amanuenses do cerebelo e afins que metam o meu dinheiro enroladinho e vaselinado no sítio que eles sabem, obrigadíssimos e tenho dito ámen.» António Lobo Antunes, Memória de Elefante (1979)
«Até então, o Atlântico ainda era para os portugueses um elemento masculino, fero e enigmático.» Ferreira de Castro, Eternidade (1933)
«As suas calmas e sonhadoras extravagâncias, o seu ar de senhor de idade, o mistério adulto de que rodeava a sua figura plena e atlética, a sua profunda convicção de que, desde o século XII ou XIII, a Espanha devia à sua família o condado de Barcelona, as perguntas absurdas, feitas com o ar mais convicto e ingénuo do mundo, com que ele era o terror dos professores inseguros, e o seu sistema filosófico que tudo explicava e o dispensava, "graças ao controle das energias do cérebro", de estudar as lições (salvo em casos de última emergência), tudo isto não fazia dele um ídolo nem um chefe, mas um ente respeitadíssimo, apesar da ironia com que todos o apontavam.» Jorge de Sena, Sinais de Fogo (póstumo, 1979)
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