domingo, fevereiro 08, 2015

sete palmos dela

«Rogávamos-Lhe o céu, ambicionávamos-Lhe a terra. Não a leveza dela em cima de caixão, que esses póstumos torrões não aconchegam, mas afrontam quem nunca teve terra em vida à mão de semear, e agora conquistava sete palmos dela, abençoada, quando os dedos gélidos e descarnados repousavam, entrelaçados, sobre o peito. Inúteis até para arrancar raízes. Tanta terra no mundo para morrer, tão pouca para viver.»

Ana Margarida de Carvalho, Que Importa a Fúria do Mar (2013)

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