sexta-feira, abril 18, 2025

o que está a acontecer

«Pois que é a aristocracia senão o degrau mais alto que uma sociedade deseja atingir, a supremacia de determinada classe sobre as outras, a imposição dos seus valores, sejam eles de força, de trabalho, de espírito, conforme a época que lhes é propícia?» Agustina Bessa Luís, A Sibila (1954)

«Portão e caminho até ao terreiro, sob a latada, quisera o dono continuassem escalavrados como no tempo ido, em que só ali vinha, e nem sempre, quando era pelas vindimas e varejadas de castanhas, lá raro pela feitura do azeite.» Tomaz de Figueiredo, A Toca do Lobo (1947)

«Vestígios de existência humana raro se encontravam. Só de longe em longe, a choça do pegureiro ou a cabana do rachador, mas estas tão ermas e desamparadas, que mais entristeciam do que a absoluta solidão.» Júlio Dinis, A Morgadinha dos Canaviais (1868)

1 comentário:

Manuel M Pinto disse...

«Havia vantagem em que fosse fidalgo, palaciano, valente, denodado, heróico, belo homem, simultaneamente desgraçado por contraste e em virtude ainda da confluência opressiva de tantas prendas juntas. E porque assim convinha ao drama e agigantava a pessoa, mantiveram à fisionomia a faceta romântica que vinha de trás. Em obediência ainda ao mesmo lema, tudo o que os biógrafos primitivos aduziram de louvor e exaltamento da pessoa de Camões, aceitaram-no sem nenhuma espécie de rebuço ou escolha, antes requintando-o onde era possivel fazê-lo.»
Aquilino Ribeiro, "Luís de Camões - Fabuloso*Verdadeiro". Ensaio (1950)