«Não que o meu sorriso fosse esgar, ou o meu gargalhar inexistente; mas uma certa palidez no semblante geral denunciava (ao que parece) más possibilidades. Foi nessa época que se pôs o problema de eu ser ou não envolvido a fundo nas malhas da F.R.I.P.M.S. (Fundação do Recrutamento Infantil Pró Movimento Selecta). Nuno Bragança, A Noite e o Riso (1969)
«A taberna do Pescada ficava mesmo em frente ao cemitério dos Prazeres, e era frequentada pela gente do sítio, especialmente de noite, à hora em que os cabouqueiros e os britadores abandonam os seus trabalhos e entram na cidade, em ruído.» Fialho de Almeida, A Ruiva (1878)
«-- Pode-se ir lá acima? / -- É à vontade. / Degrau a degrau, de cabeça marrada aos pés, os visitantes trepavam lentamente. Ultrapassada a casa de defesa, resto de quarto só com paredes e bancos ao pé de velhas seteiras, o público respirava satisfeito. A cisterna então não deixava ver bem os fundos, espelhava de mais.» Ruben A., A Torre da Barbela (1964)
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«A outra parte, essa que os magnificadores de hoje dissimulam como deprimente, e filtrou da obra de homenagem e exaltação em virtude do dom de irrepressibilidade que a verdade possui como os elementos, está provada por sua natureza. Uma poderá ser gratuita; a outra tiveram forçosamente que admiti-la. Parece que para o caso não deva haver duas lógicas.
Viriam pois os depoentes ao pretório prestar declarações quanto aos tópicos zenitais. Por esta ordem:
-- Senhor Padre Manuel Correia, como averiguou que pelas armas Luis de Camões foi na Índia muito conhecido? Afirma que foi ele quem lhe pediu para fazer os Comentários dos Lusíadas... Não sabia que fizera idêntico convite a Diogo do Couto? E, a propósito, esclareceu-o alguma vez nas passagens intrincadas do poema? Essa reserva, tão porfiada, acerca da vida particular do poeta, para mais seu amigo, como incumbe interpretar-se?»
Aquilino Ribeiro, "Luís de Camões - Fabuloso*Verdadeiro". Ensaio (1950)
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