«Da sua existência, Juvenal recordava apenas a tarde em que o pai volvera de uma caçada, trazendo, com a pelagem aqui e ali empastada em sangue, alguns pequenos coelhos -- únicas vidas que saltitavam de fraga em fraga, na terra que, de tanto estar sepultada em água, não tinha água que se bebesse.» Ferreira de Castro, Eternidade (1933)
«Mas eu crescera, agora zurzia-me de outro modo, a face dura, coriácea, a palavra seca, reduzida ao essencial da agressividade.» Vergílio Ferreira, Para Sempre (1983)
«No olfacto desabituado de Henrique de Souselas o cheiro resinoso e activo das pinhas e das agulhas secas dos pinheiros, queimadas no lar, produziam sensações muito longe de serem agradáveis.» Júlio Dinis, A Morgadinha dos Canaviais (1868)
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«Bem certo que nos ensina Mestre Anatole que os homens prezam a ficção de preferência à verdade. Esta é, no geral, feia, malcriada, desmancha-prazeres, uma estafadora, em suma. A mentira, a honesta mentira que Le Dantec sagrou no altar da hipocrisia social, é incomparavelmente mais humana, misericordiosa e conforme com as nossas necessidades de quietude e ilusão. Mas, entendamo-nos, esta é a mentira da vida das relações, transitória como a virtude de qualquer dama dos chás de caridade, a mentira possidónia.»
Aquilino Ribeiro, "Luís de Camões-Fabuloso*Verdadeiro. "Introdução". Ensaio (1950)
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