«A vida não o corrompera nem o vulgarizara a ponto de o fazer quedar indiferente à beleza rara do espectáculo que, embora diàriamente se repetisse, atingia sempre -- até que as chuvas viessem impregnar o céu da sua fealdade -- grandeza e poesia a que nem a alma bronca do soldadito se mantinha alheia.» Joaquim Paço d'Arcos, Ana Paula (1938)
«E via a cena, via-a com toda a nitidez: ele, ao leme, ela sentada em frente, temerosa, receando que a vela se desprendesse e a arrojasse ao mar; logo, excitada, os seus belos olhos sorrindo pela distracção que, de imprevisto, se lhe oferecia.» Ferreira de Castro, Eternidade (1933)
«Olhou para o casarão engolido no escuro da quinta, apenas visível pela esteira de luz que vinha do quarto do avô quebrar-se na janela da saleta.» Vitorino Nemésio, Mau Tempo no Canal (1944)
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«Dizer-vos o que era o mundo? Misturai no almofariz a inveja, o ódio, a fome, o amor, a força, o oiro, a mentira, o sangue, a sensualidade. Agitai, triturai, e confundi molécula a molécula. Sopesai o todo: eis o mundo; retirai uma areia: eis uma alma.»
Aquilino Ribeiro, "Jardim das Tormentas" - conto: "A Revolução" (1913)
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