Tenho consideração intelectual por algumas das pessoas ligadas a este projecto, mas, enquanto pai de quatro filhos, avô de um neto, filho de um nonagenário que consigo vive, numa dádiva de amor filial absolutamente natural, tenho pena que uma questão tão importante como a do valor da família esteja submetida a uma perspectiva confessional e ideológica de Direita, misturando alhos com bugalhos. Como se a questão da despenalização do aborto ou a lei da eutanásia estivesse, sequer, a montante... E não fosse a desestruturação provocada pela desregulada sociedade ultracapitalista em que vivemos, que transformou pessoas e cidadãos em consumidores passivos, ignaros, e confusos -- pasto fértil para o trabalho desregulado --, animaizinhos a quem se dá uma panóplia mediática de embrutecimento.
Acho aliás insuportável, como tenho aqui dito tantas vezes, que os patrões dos me(r)dia, que intoxicam a manada com a satisfação dos instintos mais baixos -- reality shows, crime, futebóis, bisbilhotices & outras parvoíces --, sejam os mesmos que preservam as suas famílias (e as suas crianças) do lixo que dejectam na sociedade.
Podem vir chorar lágrimas de crocodilo, mas quando muitos dos autores que aqui vejo são defensores da mais obscena rapina capitalista, alguns coincidindo com a imposição fanática e intolerante da sua fé -- fé essa que pessoalmente desprezo, quando procura ser imposta aos outros -- faz-me ter pena de não haver, dos lados esquerdo e não-confessional, uma abordagem, sempre crítica, mas que veja a família como a base e o princípio de tudo. Felizes todos os que podem olhar para trás e ter tido a alegria de uma família!
Ter convidado Passos Coelho, o campeão do troikismo, para fazer a apresentação, fere tudo aquilo de morte. É impossível não olhar para a coisa como uma frente de neocons e beatos. Sem ter lido, posso estar errado, e penitnecio-me; mas pela amostra...
Sem comentários:
Enviar um comentário