Ontem, de passagem pela RTP3, enquanto na CNN-Portugal se tratava de futebóis, um lado-a-lado a propósito da situação internacional, suponho que espoletado sobre a questão da reintrodução do Serviço Militar Obrigatório. Frente a frente, dois indivíduos cujas opiniões não se distinguem e particularmente impreparados para uma abordagem da situação geopolítica, que é uma outra coisa bastante diferente das relações internacionais e que lhe corre paralela. A Geopolítica elabora sobre o que existe e pré-existe (a Geografia e a História), concomitantemente às tentativas de acerto através do Direito Internacional. Só vi o fim, mas bastou-me para ouvir Henrique Burnay a dizer asneiras e Almeida Sande a diletar. Hoje, na Rádio Observador, a maior anedota que circula no espaço público, vinda da Academia (estou à rasca para me lembrar do nome do sujeito, tive de recorrer a uma mnemónica para dar com ele, de sua graça Bruno Cardoso Reis), e outro sujeito que dá pelo nome de Francisco Pereira Coutinho, e se põe a falar de questões militares (às vezes porque perguntado pelos patetas dos pivôs) sem pescar o mínimo do assunto. Tirando os militares -- muitos deles com formação suplementar na área da História, do Direito, das Relações Internacionais --, muito poucos são os civis que têm competência para tal. Daí não viria mal ao mundo; mas quando 90% do comentariado é constituído por criaturas destas, a informação que temos é errónea, deturpada e incompetente.
Pertenço ao grupo de pessoas que gosta de elogiar e escrever sobre o que lhe agrada; mas o escândalo da incompetência é tal, a que se junta a propaganda e desinformação que sempre existe, que é impossível ficar calado.
Muito me tenho lembrado de Pezarat Correia, que durante anos comentou questões de geopolítica na televisão e desde que rebentou a guerra na Ucrânia nunca mais o vi. Então não somos uma sociedade liberal, de expressão livre dos diferentes pontos de vista?... Aqui um seu texto.
Sem comentários:
Enviar um comentário