Se vierem dizer-me que Portugal deverá reparar Angola, Guiné e Moçambique pela Guerra Colonial, matança levada a cabo entre 1961 e 1974 -- a começar pela dos próprios portugueses criminosamente arrebanhados como carne para canhão --, serei o primeiro concordar. Um crime é um crime, é um crime e é um crime, terá de haver sempre uma reparação. A este crime junto outro, ainda mais obsceno: a figura do "contrato", praticado em relação a angolanos que iam trabalhar para São Tomé e Príncipe, que, no fundo não era mais do que escravatura disfarçada em pleno século XX.
Quanto à escravatura e tráfico negreiro que praticámos com diligência entre os século XV e XIX, trata-se de uma idiotice propor indemnizações. Indemnizar quem? E quem indemniza? Portugal? E os povos africanos que negociavam com os portugueses esse torpe comércio? E o estado brasileiro, que teria de estar na primeira linha do ressarcimento, no caso de haver lugar? O esplendor do wokismo analgabeto.
O assunto interessa-me como historiador; e, já agora, como particular. Sou bisneto de uma mulata brasileira, logo, de origem escrava. Digam-me lá então qual é o pecúlio que me cabe.
4 comentários:
Muitos cabo-verdianos foram para São Tomé
sob esse tal "contrato". E muitos nunca
mais de lá saíram.
Não sabia; muito obrigado por essa informação.
Nos anos quarenta os famintos cabo-verdianos eram vendidos a São Tomé a mil escudos pela Casa Serbam do então Fernando Sousa.
Deve ser isso a que por cá se qualificava como a "nossa" missão civilizadora.
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