Chego ao restaurante, televisão sem som sintonizada na RTP3, vejo que Alexei Navalny morreu na prisão; saio, e o tema continua, ininterruptamente. Pude verificar que a Casa Branca emitiu um comunicado a dizer que se a notícia se confirmar "será uma tragédia"; Blinken a sustentar que o acontecimento ilustra "a fraqueza e a podridão do regime de Putin"; e ainda aquela camela inútil que é vice-presidente, cujas emanações da cavidade oral não pude apurar. Cereja no topo do bolo: a anedota demissionária que passa por ministro do Estrangeiros português, acusa o presidente russo do sucedido.
Ri-me várias vezes. Não da morte de um homem na prisão, por muito detestável que fosse o seu trajecto de antigo militante da extrema-direita xenófoba russa. A CIA teve sempre a inclinação para recrutar e branquear neo-nazis e tralha conexa para transformá-los em paladinos da liberdade. Dos nossos valores, portanto. Não tenho nenhuma prova de que Navalny trabalhasse para a CIA, mas não tenho dúvida de que estava feito com os americanos. O método topa-se à légua, e já foi experimentado muitas vezes desde há décadas. E os russos sabem-no.
Isto para dizer que, se ele foi assassinado na prisão, não faço ideia sobre quem terão sido os mandantes. Ou melhor, faço: ou foi o Kremlin (é verdade que com Putin cada vez menos se brinca, apesar de agora ter dado em humorista) ou foi a CIA (currículo vasto).
Vai ser um dia a ouvir os papalvos do costume, ainda bem que estou em viagem.
Já agora: o que é feito do Julian Assange? A sorte que ele tem em pertencer ao mundo livre.
2 comentários:
Pensando bem, se calhar o Aljube e o Tarrafal não eram prisões mas resorts para que conservadores-libertários, uns duas liberais, outros dias reaccionários, retemperassem forças. Como não, com aquele bom ar do mar, a cheirar a marisco e o calor para combater o reumatismo, até ao Navalny teria feito bem. Quem diria, às tantas foi um erro terem encerrado tão excelentes unidades de hotelaria. Podiam enviar para lá excursões de conservadores-liberais, uns dias liberais, outros reaccionários.
Olha, Albino, boa tentativa para seres engraçado; mas agora só voltas a aparecer quando me fizeres rir a valer.
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