segunda-feira, fevereiro 12, 2024

"dois pobres diabos em Kiev" - ucranianas CCXXIV


Mão amiga fez chegar-me este texto de Carlos Matos Gomes.  Eu não o diria melhor, e uma das razões prende-se com o facto de Matos Gomes, além de militar experimentado, historiador da Guerra Colonial -- em que participou como oficial-comando -- é também o romancista Carlos Vale Ferraz. Aliás basta ler as declarações transcritas pelo pobre ministro da Educação no portal do Governo (agora com logo modernaço) para perceber-lhe a indigência.


«A reportagem do passeio de dois tristes que são ministros da República Portuguesa

deixou-me naquele estado em que perguntamos se nos devemos rir ou interrogar se é verdade o que vemos. Aqueles dois tristes são ministros do governo português? Que raio foram fazer? Anunciar que vão dar uns euros para reconstruir uma escola?

Ninguém acredita que aquelas pungentes figuras de quase sem abrigo tenham ido a Kiev fazer um anúncio que não é mais do que uma promessa que diariamente fazem os mais ignorados presidentes de juntas de freguesia em Portugal. Aquelas duas sombras vagueantes foram em peregrinação a Kiev cumprir ordens. 

A guerra na Ucrânia está num atoleiro de várias lamas, a da corrupção, a das dissidências internas típicas das épocas de derrota, de degradação da sociedade civil, de incapacidade militar, de reconhecimento do que desde o início da aventura se sabia: não se deve provocar o leopardo com uma vara curta e a Rússia era um leopardo, uma superpotência; e por fim há a degradação da boa vontade dos benfeitores que meteram a Ucrânia na encrenca em que está. 

A solução da vivaça Ursula Van der Leyen, do inteligente Borrel, do senhor que está agora de primeiro-ministro em Inglaterra, o quarto ou quinto da mesma peara do Brexit, dos estrategas de Washington, agora ocupados com Israel, foi o de mandar uns pobres diabos a Kiev animar a família de Zelenski. De Portugal zarparam dois espécimes, o habitual viajante Cravinho e o quase desconhecido interlocutor do fero Mário Nogueira dos professores e do assanhado e quase sempre desgrenhado compère que dirige o STOP. A sério: em tempo de eleições, o Partido Socialista entende que é boa propaganda enviar dois figurantes de segunda linha a Kiev, para promover uma criatura desacreditada, uma guerra cada vez mais criticada e cada vez mais identificada com os interesses americanos e menos com os interesses europeus, uma guerra que já é apresentada como a responsável pelas dificuldades de apoio à agricultura e à indústria europeia, responsável pela inflação e pela crise económica?»

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