segunda-feira, outubro 09, 2023

já condenámos os palestinos pela "invasão não provocada" de Israel?

Há quem goste de passar por onagro e não tenha problemas em debitar em conformidade, pondo-se em bicos dos pés para ficar bem na fotografia, comportando-se de acordo com o que se espera deste tipo de hemíonos.

Quem pressurosamente condena o ataque terrorista -- terroristas  era como chamávamos há menos de meio século, os guerrilheiros que lutavam pela libertação das colónias --, faz de conta que não sabe que há um povo que vive em Gaza, abaixo do limiar da dignidade. Nem podem confundir-se com curdos ou catalães, que apesar de verem a pátria ser-lhes sonegada, ainda têm por onde se espraiar. Os palestinos de Gaza estão confinados na área de maior densidade populacional do planeta. Quem lá esteve, testemunha o inferno, talvez purgatório perpétuo, nos dias menos maus. Estavam à espera de quê?... Com os acordos de Oslo permanentemente sabotados, com a cumplicidade americana, claro está, que cobre o vigarista do PM israelita, e a perspectiva dos dois estados cada vez mais distante? Para um asno como, por exemplo, Biden, uma vida palestina não vale outra israelita; tal como para os seus puxa-sacos (esplêndida expressão brasileira...) europeus, os russos do Donbass e da Crimeia não interessam para nada -- mas aí o Putin já lhes mostrou como é.

Para sermos justos e honestos, não podemos ocultar os erros dos próprios palestinos, nem o azar que foi o assassínio de Rabin por um judeu de extrema-direita ou a incapacidade e subsequente morte de Sharon, ambos generais, ambos com autoridade moral e política para forçar o país a acatar o acordado, no seu próprio interesse. Mas isto só tem que ver com a cúpula política, não com os estados de revolta, insurreição e guerra, a que só um asno pode qualificar como terrorismo -- o que não quer dizer que o Hamas não tenha cometido crimes nesta ofensiva.

P.S. - Sempre admirei Israel, tal como sinto desdém pela generalidade dos países árabes, quanto à sua realidade política, para não falar do asco que nutro pelos regimes do Golfo. A minha admiração pelos israelitas cessou na era Netanyhau e dos asquerosos partidos confessionais. Há muito tempo que Israel se tornou um estado opressor, o que não deixa de ser particularmente vergonhoso, no seu caso específico.

  

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