Foi preciso um professor de História ser decapitado numa rua dos subúrbios de Paris por um radical islâmico, aliás bem estimulado em família, para que o estado francês pareça reagir. Vai ter que ser à bruta. enquanto se trata de um governo democrático e liberal. Quando deixar de sê-lo, a reacção será pior, com atropelos à lei, aproveitando para a pura limpeza étnica que a extrema-direita está ansiosa por fazer.
Chegou-se aqui por laxismo, menorização de um problema, tacticismo e oportunismo político e cedência à espessa idiotia do politicamente correcto.
Não há muitos anos, os imãs radicais defecavam as suas mensagens de ódio nas mesquitas perante a indiferença geral.
Os partidos políticos apoiavam logística e financeiramente supostas associações "culturais" através das autarquias para lhes captarem o voto. Associações essas que faziam um proselitismo agressivo desestabilizando obviamente o instável subúrbio muçulmano, vítimas, como diria Miguel Tiago do PCP no Facebook em post que parece ter apagado, das "políticas de direita" (eu percebi o que ele quis dizer e tinha toda a razão. Mas o recurso constante à língua de pau perde-os muitas vezes). Os caciques locais queriam os votinhos custasse lá o que custasse, e portanto toca de emprestar o autocarro da câmara municipal para uma deslocação a Paris, à manifestação contra a proibição de símbolos religiosos em edifícios públicos (claro que o que estava em causa eram as islamices, cada vez mais agressivas, impertinentes e evasivas; a igreja católica, extremamente reacionária em França movia-se nas alfurjas neo-fascistas, como cá, mas eram relativamente inofensivos, ainda assim menos do que por aqui; as outras religiões minoritárias, coitadas, foram apanhadas no vendaval laicista, para que não se dissesse que o estado não era imparcial…)
Não me esqueço da câmara socialista de Lille, que construiu piscinas públicas para homens e mulheres, a fim de fazer respeitar islamices numa sociedade laica, em que muitos estrénuos defensores de uma suposta tolerância e apologetas das políticas de género não só condescendem com o radicalismo islâmico, não se lembrando (ou não se preocupando, pois o perigo mora longe) que se os recipientes da sua condescendência tosca tomassem o poder seriam dos primeiros a ser atirados do alto dos prédios, como fazia o Daesh quando apanhava um homossexual a jeito.
Em Londres, o que não fosse crime era (ou é ainda) decidido nos tribunais ingleses, mas numa sala à parte, por um juiz muçulmano, de acordo com o direito corânico ou lá o que é. Isto numa mesma cidade em que a esquizofrenia do politicamente correcto introduziu a abolição da separação entre os sexos das casas de banho públicas (por mim nada a opor, antes pelo contrário, desde que o saguão seja amplo e os espelhos abundantes).
A estupidez é tanta, que há semanas vi numa página belga dum grupelho que se dizia anarquista tomadas de posição pela liberdade de as mulheres islâmicas usarem véu, não percebendo aqueles cretinos que esse mesmo véu, para não falar do resto, é uma imposição masculina, e que nem tem nada que ver com a religião islâmica. -- E que tivesse: as religiões são todas para desrespeitar quando põem as patas de fora, até porque elas respeitam-se todas umas às outras, como aconteceu no Vaticano, a tapar pirilaus das estátuas (parece que é gourmet por lá), não fossem os aiatolas ficar mal dispostos.
As boas notícias é que as autoridades francesas estão a começar a chegar-lhes a roupa ao pelo. Deus nosso senhor queira, mas foi preciso decapitarem um professor de História num subúrbio de Paris.
É verdade, trata-se de uma guerra que ou é travada agora, não ficando pedra sobre pedra, ou a Frente Nacional vai tratar disso, da pior maneira. E infelizmente haverá muita violência, que é o que os islamistas querem, pois o monstro cresceu. O meu receio é que doa também às pessoas pacíficas, que querem viver a sua fé em paz. Só que as pessoas não podem deixar-se chacinar como gado em nome de belíssimos princípios que só servem os inimigos da liberdade e da democracia. E inimigos tratam-se como tal. E ou é já, ou os amigos da Le Pen mostrarão como se faz, com apoio popular...
2 comentários:
Assino por baixo neste caso. O Estado deve tratar as crenças por igual mas não tem que tratar as ideias por igual, sob pena da instalação de uma espécie de comunitarismo onde cada um obedece à Lei que lhe apetece.
Custa ver um Partido como o Rassemblement National, cuja origens estão naturalmente no catolicismo reaccionário e colaboracionista francês a ter sido o único a defender a laicidade durante anos. O Valls pode ser um oportunista sem escrúpulos mas isso não o impede de ter razão.
Concordo consigo, caro.
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