1. Continuar: «A vitória do Críssus assegurara aos Árabes a conquista da Espanha inteira, porque o desalento entrara em todos os corações, e o terror quebrara todos os brios.» Cap. XIII - «Covadonga», pp. 155-176 da minha edição).
2. O recuo de Pelágio com os seus soldados até aos inóspitos e inacessíveis Picos da Europa, levando uma prática de guerrilha e rapina. E Covadonga era «Uma caverna [que] servia de paço ao jovem reia das montanhas e de templo ao Crucificado.» Não assim Teodomiro, que apesar de vencido era demasiado poderoso para deixar-se manietar totalmente, estabelecendo um pacto com Abdalazize Ibn Muça, o primeiro váli do Andaluz, o que lhe permitiu gozar de alguma autonomia nos seus domínio. Algo que foi radicalmente rejeitado pelo Cavaleiro Negro: «Paz com o infiel? Ao cristão só cabe fazê-la quando dormir ao lado dele sono perpétuo no campo da batalha.» A única alternativa é juntar-se no Norte a Pelágio, que lhe aparece sem de início se identificar enquanto tal.
3. Eurico é um homem dilacerado, um espectro, um homem que desafia a morte. E assim continua, mesmo quando chega à caverna de Covadonga a notícia de que Hermengarda foi aprisionada, e que possivelmente aguarda-a a última degradação de ver-se vendida como escrava, é ele quem impede Pelágio de avançar, com o argumento de que o irmão de Hermengarda é precioso para a luta dos Godos, a sobrevivência da pátria -- anacronismo proibido ao historiador mas aceite ao romancista. Eurico, o Cavaleiro Negro, embora ninguém saiba a causa da sua ocultação e da dor funda que sente, reclama-se como um «desterrado no meio do género humano», cuja vida a ninguém importa, a começar pelo próprio. Com ele seguirão doze guerreiros.
4. Herculano faz aparecer um lusitano -- como já antes, na batalha de Guadalete, um homenzarrão guarda da caverna, que dá pelo simpático nome de Gutislo... «Velho lobo do Hermínio», chamou-lhe Pelágio...
5. E o estilo de Herculano, esplêndido, cheio de recursos visuais, como nete parágrafo: «Tarde, já bem tarde, uma luz baça e duvidosa bruxuleava sem brilho adiante dos cavaleiros, que haviam rodado as montanhas, fazendo um largo semi-círculo. Naquele momento transpunham uma garganta medonha. Pelo contrário de outros lugares que tinham atravessado, aqui as serras erguia-se quase a prumo de uma e de outra parte da estreita passagem. Por meio dela sentia-se o ruído da torrente caudal, que parecia vir da banda da luz que se via em distância, e o nevoeiro, cada vez mais cerrado, pendurava-se em orvalho na barba espessa dos guerreiros e nos cabelos que lhes ondeavam pelos ombros, saindo de sobre os elmos.»
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