1. Agora que a Guerra no Médio Oriente parece estar a escalar e quando quase todos pareciam esquecer-se da Ucrânia, fui alertado pelo comentário do major-general Carlos Branco para a facilidade com que alguns interveniente no espaço público falam sobre a possibilidade de uma guerra da Nato contra a Rússia.
Bem, ela está aí: os ucranianos já foram sacrificados por dirigentes crédulos e/ou comprados pelos Estados Unidos e agora estão na situação maravilhosa que estamos a ver. Como o Putin nunca mais morre ou é apeado (achando certamente essas luminárias que seria substituído por um factótum ao serviço do Pentágono).
2. O que realmente me enoja, e o que sempre me enojou nesta guerra, são os vigaristas e incompetentes do comentariado. A conversa agora é de não deixar a Ucrânia de mãos a abanar, acenando, muito americana e pentagònicamente, com a ameaça de que o Putin não vai ficar por ali. O último que ouvi, em análise de fiel-de-armazém, um certo tenente-general Marco Serronha, a quem dificilmente voltarei a escutar, terminou a intervenção, uma noite destas, dizendo explicitamente que a Rússia não iria parar naquele apetecido território que um belo dia os americanos e vassalos acharam que poderiam controlar.
Consciente ou inconscientemente o que este comentador está a fazer é a juntar-se ao coro dos que preparam as opiniões-públicas europeias para uma espécie de inevitabilidade de uma guerra com a Rússia. Não estou a ver como isso poderá acontecer e gostaria que avançassem com argumentos minimamente sofisticados. Então acham mesmo que a Rússia vai arriscar uma guerra com a nato sem ser atacada por tropas nato? Com armas nato já ela está a sê-lo, diga-se. Mas parece que ainda não chegou, querem mais armas (mais dinheiro para o complexo militar-industrial norte-americano) mais mortos, mais destruição do país, para este lindo resultado com que os ucranianos foram enganados -- como fomos nós todos, povos europeus, pelo patifes sem escrúpulos do costume e pelos idiotas inúteis que os assistem, no governos e nos mérdia.
3. Este agitar de espantalhos que fazem das pessoas estúpidas é velho e até tem funcionado vezes sem conta (o que não sucedeu com o Iraque, recordemos, pois ninguém engoliu as mentirolas da administração americana da época). Já só falta o passo seguinte, uma vez que os ucranianos com aptidão para combater são cada vez menos e já vamos nos velhos e nas crianças: a Europa e os USA porem boots on the ground, em estrangeiro soa melhor -- ou então, como diz o patusco e informado Mendes Dias: pôr a nossa gente a "jorrar sangue" pela "Ucrânia". Aí é que eu gostava de ouvir o saudoso António Costa dizer outra vez que "temos primeiro de derrotar a Rússia" (já nem falo em Marcelo, que Deus tem, e o seu penduricalho da liberdade, imposto às escondidas ao Zelensky)
2 comentários:
Carlos Blanco é dos poucos comentadores que merece ser ouvido sobre o assunto.
Concordo.
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