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«Os socorros dados imediatamente a Abdulaziz tinham-lhe restituído
o sentimento da vida.» Cap. XV, «Ao luar», pp. 200-218 da minha
edição.
A
perseguição nocturna pelo planalto que vai de Segisamon às
Astúrias. O Cavaleiro Negro e os outros afrouxam o galope para
retardarem os mouros, enquanto Hermengarda, escoltado por Astrimiro e
Gudesteu se dirige para o reduto inexpugnável
daquelas montanhas setentrionais.
O
estilo de Alexandre Herculano é vívido, ao contrário do que se diz
-- e até certo ponto acertado para a sua poesia, brônzea,
reza o lugar-comum --, como segue neste parágrafo tão rico de
movimento e som: «Na
extensa chapada, tanto a fuga como a perseguição eram um frenesi,
um delírio. Cristãos e Muçulmanos desapareciam por entre as sarças
cobertas de orvalho, e o ar, dividido violentamente, zumbia-lhes em
roda, como um gemido contínuo. Cristãos e Muçulmanos punham o
extremo da diligência nesta última tentativa. Além da planura, os
alcantis e as selvas gigantes eram a esperança de uns, o desalento
de outros. Ali, os precipícios cortavam subitamente os caminhos
abertos pelas feras nas balsas, e ao cabo de vale fundo os rochedos
fechavam imprevistamente a saída: aqui, a senda tortuosa ia morrer
na torrente; lá, a torrente em catadupa. Os Godos afeitos àqueles
desvios alpestres, sabiam-no; os Árabes adivinhavam-no ao
descortinarem o espectáculo que tinham ante si, essa espécie de
caos nascido das grandes convulsões do globo na sua vida de muitos
séculos, que a baça claridade da noite tornava ainda mais
fantástico.»
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