(Continuação do comentário à lista de O Cânone, edição de António M. Feijó, João R. Figueiredo e Miguel Tamen)
O século XIX é facílimo. Eles aí estão todos bem à mostra, à espera de quem os pique, excepto um, que ficou para trás, e não devia. Não há grandes dúvidas sobre os autores que integram o cânone oitocentista, onze também aqui, como o correspondente a toda a literatura escrita até ao século XVIII: Almeida Garrett (1799-1854), Alexandre Herculano (1810-1870), Camilo Castelo Branco (1825-1890), João de Deus (1830-1896), Júlio Dinis (1839-1871), Eça de Queirós (1845-1900), Oliveira Martins (1845-1894), Antero de Quental (1848-1891),Gomes Leal (1848-1921), Cesário Verde (1855-1886), António Nobre (1867-1900).
Apraz-me ver João de Deus e Júlio Dinis neste rol. Há trinta anos teriam sido varridos, certamente ainda se faria sentir sobre ambos o labéu da "ingenuidade", quando não, no caso do romancista d'A Morgadinha dos Canaviais, o de escritor cor-de-rosa.
Há porém uma ausência que não compreendo, e ela é a de Fialho de Almeida (1857-1911). Nunca ninguém escrevera como ele e eventuais epígonos não atingem o seu nível, nem por vezes no mal-estar que provoca. Trata-se de uma falta significativa.
Quanto ao resto, há um nome cuja não inclusão me levanta as maiores dúvidas, o de Ramalho Ortigão (1836-1915). Então e As Farpas?, deitam-se fora?
Imitando a parcimónia: tenho também dúvidas de que o Guerra Junqueiro (1850-1923) seja arredado de ânimo leve, mas, dos três, é aquele cuja ausência menos me choca.
E, já agora, lanço um nome para ponderação, o do exímio contista que foi o Conde de Ficalho (1837-1903). Não me parece que lá ficasse mal, mas precisaria de relê-lo para ter uma ideia mais segura.
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