Espero que muitos dos que assinaram esta carta-aberta imbecil não tenham lido o seu conteúdo. A razão que assistia aos familiares por ninguém lhes ter dado cavaco sobre a homenagem que o festival de cinema de Paulo Branco iria prestar a João César Monteiro (leitura de textos por diversas pessoas, entre as quais o ministro Poiares Maduro) -- essa razão desvaneceu-se com a idiotice dos termos utilizados no protesto.
Acresce que não devem invocar os protestatários o suposto "intuito subjacente de branquear, neutralizar, festivalar o furor interventivo, manifestamente Anti-Sistema [com maiúsculas e tudo, caralho!], do cineasta, assim posto à mercê de tais canibais homenageantes", porque quem histericamente leva o protesto para a questão política devia saber que quem invoca o nome de João César Monteiro não tem autoridade moral para a invocar, pois JCM só filmou porque um negregado político (democraticamente mandatado, note-se, embora para alguns protestateiros tal possa ser coisa de somenos) despachou favoravelmente os subsidiozinhos para que JCM estendeu a mão (não a dele, é claro, que a gente não se suja com essas coisas, mas a do pedinte então de serviço, um produtor...). Houve gente, antes e depois do 25 de Abril, que nunca aceitou subsídios do Estado. Tenho exemplos. Não assim JCM no Portugal democrático (não sei se o que fez durante a Ditadura mereceu espórtula estatal; quero crer que não) e, quanto a mim, muito bem; muito mal este destempero protestadeiramente grotesco e, além do mais ridículo: daqui a cinquenta anos, se alguém se lembrar de ler poemas de JCM num certame destes, ninguém se vai dar ao trabalho de atestar a santidade Anti-Sistémica (para usar também maiúsculas, foda-se!) do preclaro realizador.
4 comentários:
Magnífico.
Obrigado, apesar do português canhestro, mas foi despachado na fúria do momento...
Obrigado, apesar do português canhestro, mas foi despachado na fúria do momento...
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