Mesmo sem ver uma boa porção dos outros filmes a concurso, achei que era um forte candidato ao principal prémio do Festival, tal o engenho e a mestria da equipa de Mokri. Somos confrontados, no início, com a notícia (verídica) de que numa província do Irão, num restaurante que entretanto encerrado, foram encontrados vestígios de carne humana, que teria sido servida... A partir daqui, a acção parte do exterior duma casa de pasto onde estão dois tipos mal encarados, e um grupo de jovens e tenros estudantes de Teerão que se concentram à beira de um lago, onde decorrerá um festival de papagaios de papel... Tudo é filmado num único take, com cerca de vinte personagens em cena, o que obrigará à repetição de cenas em diferentes perspectivas, com uma rigorosa marcação "de palco". A certa altura, corre-se o risco de deixarmos de prestar atenção ao plot para nos concentramos naquele maravilhoso deambular da câmara tecendo esta sugestiva tapeçaria persa. Certamente ciente desse risco, Mokri consegue manter-nos atentos com um progressivo acréscimo de tensão. É um filme espantoso, e fiquei bem contente por ter sido premiado.
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