quarta-feira, abril 29, 2009

Caracteres móveis - Pierre-Joseph Proudhon

peço o fim dos privilégios, a abolição da escravatura, a igualdade de direitos, o reino da Lei. Justiça, nada mais que Justiça; tal é o resumo do meu discurso; deixo a outros a tarefa de disciplinar o mundo.


O que É a Propriedade?
(tradução de Marília Caeiro)

O Vale do Riff - John Miles, «Highfly»

terça-feira, abril 28, 2009

um dicionário / cavalo de tróia onde se escondem os sonhos
Pedro Ludgero

O Vale do Riff - Supertramp, «Give A Little Bit»

segunda-feira, abril 27, 2009

caderninho

A. está muito envaidecido, pensa estar bem avançado na prática do bem, já que, sendo aparentemente um alvo cada vez mais atractivo, se sente exposto a tentações cada vez maiores vindas de direcções que lhe eram até agora completamente desconhecidas. A explicação correcta é, contudo, o facto de um grande diabo se ter instalado nele e uma infinidade de diabos mais pequenos se aproximarem com o intuito de servir o grande. Franz Kafka
«Aforismos» (tradução de Álvaro Gonçalves)

O Vale do Riff - Caravan, «Magic Man» / «Golf Girl»

domingo, abril 26, 2009

li e outra vez

Vasco Graça Moura -- O triunfo da petição, no Em Defesa da Língua Portuguesa Contra o Acordo Ortográfico: um aviso à ignorância da arrogância.

acordes nocturnos

Antologia Improvável #372 - Teixeira de Pascoais (2)

A SOMBRA HUMANA


Quando passeio, ao longo dos caminhos,
Batem asas de medo os passarinhos;
Escondem-se os reptis, no tojo em flor.


Meu ser espalha um trágico pavor
Nas pobres criaturas,
Que, neste mundo, vivem às escuras!


Avezinha fugindo ao ruído dos meus passos,
Se o que eu sinto por ti, acaso, pressentisses,
Tu virias fazer o ninho, nos meus braços...


Virias ter comigo, ó pedra, se me ouvisses!




Vida Etérea / Antologia Poética
(edição de Francisco da Cunha Leão e Alexandre O'Neill)

outros tons - Alfredo Marceneiro, «Cabelo Branco»

sexta-feira, abril 24, 2009

Figuras de estilo - Alberto Ferreira

A sala. A lareira. Fantasio-me escritor de memórias. Sopro as achas ainda esquentadas de restos de cinzas. Cego e vacilante. O meu destino é descrever-te em vez de te amar.

O Vale do Rif - Simple Minds, «I Travel»

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quinta-feira, abril 23, 2009

caderninho

Absurdo, n. Uma afirmação ou convicção manifestamente contrária à nossa opinião. Ambrose Bierce

Dicionário do Diabo (tradução de Rui Lopes)

O Vale do Riff - Paul McCartney, «Off The Ground»

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vi e torno a ler

Eu gosto do Eurythmics. E eu já dissei aqui como gosto dos desenhos da Rose?

quarta-feira, abril 22, 2009

Antologia Improvável #371 - Joaquim Paço d'Arcos

O MARULHO DA CHUVA NO CANO DE ZINCO...

A chuva cai continuamente,
Sobre a rua inteira,
Sobre a cidade inteira,
Sobre todos que passam,
Sobre mim.

Molhado e regelado,
Espero e desespero
Que esta chuva passe,
Que esta terra passe,
Que esta vida passe,
Ficando longe de mim.

Algo que possa voltar aos sítios percorridos,
E bem amados,
E esquecidos
Para melhor os poder amar.

Algo que possa regressar à vida existida
E mal trocada por esta
Em que só a chuva cai perpetuamente,
Em que nada persiste,
Senão o marulho da chuva
No cano de zinco,
O asfalto encharcado
E a água correndo para a sargeta.

Algo que possa voltar a encontrar-se em mim.



S. Paulo, 29.


Poemas Imperfeitos

O Vale do Riff - Camel, «First Light»

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Caracteres móveis - Simone de Beauvoir

a política começa somente quando os homens se ultrapassam em direcção a valores humanos gerais. Colocar-se num plano político é arrancar-se à sua situação individual, é transcender-se em direcção aos outros


O Existencialismo e a Sabedoria das Nações
(tradução de Mário Matos)
Foto: Elliot Erwitt

segunda-feira, abril 20, 2009

Antologia Improvável #370 - Gomes Leal

A JOVEM MISS

Tocar que Ímpio se atreve!...

CAMPO DE FLORES

Ela é tão loura, lírica, franzina,
Tão mimosa, quieta, virginal,
Como uma bela virgem d'um missal,
Toda dourada, e preciosa, e fina.

Não há graça mais casta e feminina
Do que a d'ela! -- Seu riso angelical
Cria em todos nós um mundo de moral,
Melhor que tudo o que Platão ensina!

Por isso, e pela sua castidade,
Deve ser gozo intenso, na verdade,
Sentir fundir-se em nós seus olhos régios...

E o gozo de a beijar, trémula, amante,
Deve ser quase estranho! -- e semelhante
Ao de fazer terríveis sacrilégios.


Claridades do Sul / Antologia Poética
(edição de Cecília Barreira)

O Vale do Riff - Benny Godman, «Goody Goody»

vi e torno a ver

A T posta Palhaços de José de Lemos no Dias que Voam, acompanhados de prosa de Castelo de Morais.

domingo, abril 19, 2009

estampa CLIV

Albrecht Dürer, Auto-retrato como Ecce Homo
Alte Pinakothek, Munique

sábado, abril 18, 2009

caderninho

A fim de estar livre e disponível para a procura do lucro, o capitalista quebra os laços da amizade e do amor. Não conhece amigo, nem irmão, nem mãe, nem esposa, nem filhos -- não conhece ninguém onde houver algo a ganhar. Paul Lafargue
A Religião do Capital (tradução de J. Mega)

li e vejo outra vez

No Pecado Original, Preparada para a saída tão desejada: o fumo dá cabo de mim.
Em Museu de Salamanca e Unamuno, fala-nos Addiragram do exemplo lendário e épico do magnífico Dom Miguel diante dos esbirros.
Nos Archives Pratt, Canardo rencontre Corto Maltese: tenho saudades do Canardo; e do Corto também.
«Minha pátria é o mundo inteiro», livro biográfico sobre Neno Vasco, da autoria de Alexandre Samis, acaba de ser editado pela Letra Livre, informa-me a Rede Libertária. Neno Vasco, uma grande figura do anarquismo em Portugal e no Brasil.

outros tons - João Afonso, «Outra Vida»

Figuras de estilo - Carlos Malheiro Dias

O regimen marcial a que os conquistadores sujeitaram Lisboa, acordando-a todas as madrugadas a tiro de canhão e a rufo de tambor, despertara-a da sua modorra de beata, acabara por transfigurar em praça de guerra a cidade dos lausperenes e viáticos, das procissões e das novenas. Ainda tangiam quase permanentemente os sinos da Sé, igrejas e conventos. Mas ao bimbalhar dos sinos associavam-se, como vozes de uma sinfonia guerreira, o rufar frenético das caixas, a gritaria exasperada dos clarins, pondo remoques militares nas velhas árias religiosas dos carrilhões.


Paixão de Maria do Céu

quinta-feira, abril 16, 2009

O Amor teve uma filha à qual chamou Saudade
Eugénio de Castro

O Vale do Riff - Dizzy Gillespie, «Tin Tin Deo»

acordes nocturnos

Antologia Improvável #369 - Teixeira de Pascoais

CANÇÃO MONÓTONA

Monotonia
Sempre a imagem das cousas que nos pesa...
A mesma cor vermelha da Alegria,
O mesmo claro-escuro da Tristeza...


Sempre, no mesmo corpo, a mesma doença: a vida!
Sempre a mesma elegia, em sílabas de mágoa...
Sempre o mesmo perfil de serra empedernida,
Onde o Inverno, a chorar, desenha espectros de água.
Bocas sempre de tédio a envenenar o mundo...
Uma noite perpétua, emudecida e calma...
Negro pego de lágrimas profundo,
Estagnação da Dor em ermos longes de alma...
A memória em planície estéril e deserta.
Ouvir, durante o dia, o choro duma fonte...
Sempre a mesma janela, eternamente aberta,
Sobre o mesmo horizonte...
Nos olhos, sempre a mesma indefinida imagem...
Sempre a mesma roseira a florescer por mim...
Sempre o mesmo silêncio, em formas e paisagem;
Ave sempre a cantar, manhã de sol sem fim!
Um perpétuo sorriso, à flor do mesmo rosto...
Num gélido cristal, a mesma face absorta...
Sob um eterno sol-posto,
Eterna planície morta...
Em sons de espuma e névoa, a eterna voz do Mar,
A morrer, a viver nos areais de além...
Um eterno sepulcro, à luz de eterno luar...
A mesma vida,em nós vivida por ninguém...
Constante calmaria, eterno mar parado...
Este íntimo Alentejo em que se perde a gente...
Em nosso próprio ser, o Tempo desmaiado...
O mesmo, o mesmo, o mesmo, em nós, perpetuamente!



Terra Proibida / Antologia Poética
(edição de Francisco da Cunha Leão e Alexandre O'Neill)

quarta-feira, abril 15, 2009

O Vale do Riff - Johnny Dankworth, feat. Julian Lloyd Weber, «Fair Oak Fusion»

li e torno a ver

Sobressaltos-- "Que há dentro deste ser, que não tem limites?" , pergunta Raul Brandão nesse incomparável Húmus, em post de Paulo Borges.
Os ódios de estimação podem ser caricatos, escreve Carlos a propósito da manchete de hoje do Público: os ódios são irracionais e não (se) enxergam...

terça-feira, abril 14, 2009

caderninho

A vida é um processo de combustão; o intelecto é a luz produzida por esse processo. Schopenhauer
De Parerga e Paralipomena / Aforismos (tradução de Alexandra Tavares)

O Vale do Riff - The Beatles, «Please Please Me»

ouvi e torno a ler

Grande Jóia: Good Madness à segunda-feira!: Grande Mambo!

acordes nocturnos

Caracteres móveis - V. S. Naipaul

O sexo chega-nos de mil e uma maneiras; modifica-nos; e eu penso que, finalmente, as nossas caras espelham o tipo de experiências que tivemos.


Uma Vida pela Metade
(tradução de Maria João Delgado)

segunda-feira, abril 13, 2009

O Vale do Riff - R.E.M., «Radio Free Europe»

vi e tornei a ver

Os erros nas mãos de Tex, Kit Willer e Kit Carson, por José Carlos Francisco, ou nos melhores panos caem as nódoas...
T, Prenda de Páscoa para o RAA: sim, é para mim, mais um presente que ela me oferece com camaradagem. Deste gosto muito, por várias razões, a maior das quais é o exemplo da coluna vertical no meio de tanta espinhela caída.
Negro de luz: Ana V.,
preto muito e pouco branco, Edgar Martins.

domingo, abril 12, 2009

cartoon

Arthur Davis, Holiday For Drumsticks (1949)

ouvi e torno a ler

Ana Paula, A todos...: Nelson & Marsalis, magníficos.
Renato Epifânio,
Para o Pedro Santana Lopes: não é estúpida, é re-estúpida.
descobrir é casual, / quando muito se pensou.
Eugénio Lisboa

Outros tons - Rodrigo Leão, «Imortal»

sábado, abril 11, 2009

vi e torno a ler

Do Gin-Tonic, Caminhada para Abril: ah ah!, o Guarda Ricardo; ah ah!, os camelos dos censores.

porque sim (as minhas mulheres)

Ashley Judd

sexta-feira, abril 10, 2009

Antologia Improvável #368 - Anísio Mello

A FESTA DA TRISTEZA

Na festa da minha tristeza
Não bailou tua desventura
Envôlta de manto negro
Esvoaçante e tão só!

Bailou saudade introspecta
De cristalina pureza
Relembrando o velho tempo
Na festa da minha tristeza...

Do infinito a luz sumiu
Escondendo a dor desta mágua
Pra não bailar da tristeza
A festa dos sonhos meus...
Pra não bailar a saudade
Dor alegre do presente.

Na festa da minha tristeza
Só não bailou alegria...
Alegria profunda e triste
Dos anos que já se vão
Dos anos que se passaram
Mas que ficaram presentes...

Alegria triste do passado
Passado agora.
Festa triste da alegria
Que chora alegria presente.

Na festa do meu passado
Já não mais chora alegria
Desta tristeza de agora
Que a saudade faz sorrir.

Saudade -- alegria triste --
Sorrindo do meu passado...

10-12-59.


Estrêlas do Meu Caminho

O Vale do Riff - Victor Feldman, feat. Ronnie Scott, «Summer Love»

ouvi e torno a ver

Ana Paula, O Sol: nunca o vira assim...

quinta-feira, abril 09, 2009

quadrinhos






E. P. Jacobs, O Raio U; Hergé, Tintin au Pays des Sovietes; Franquin, Spirou -- Os Herdeiros; Hergé, Joana, João e o Macaco Simão -- O Vale das Cobras; E. P. Jacobs, Blake e Mortimer -- O Segredo do Espadão -- A Perseguição Fantástica.

O Vale do Riff - Radiohead, «2+2=5»

JornaL

No JL de ontem, saído anteontem, a iluminação da simplicidade:

«Quando escrevo um parágrafo olho para ele para ver se funciona. Se o resultado for negativo tenho de o reescrever. Nese sentido, a oficina do meu pai foi uma grande influência, na medida em que, para mim, a literatura é sobretudo eficácia.» (entrevista de Juan José Millás a Luís Ricardo Duarte)
«Sei que a vida é trágica, que todos vamos morrer e ser esquecimento. Mas, entretanto, o que desejo é arrancar da vida a maior percentagem de felicidade possível.» (Héctor Abad Faciolince, entrevista ao mesmo)
José Gil sobre Amor de Perdição, de Camilo Castelo Branco: «É um romance em bruto, selvagem, torrencial, admirável. Uma espécie de thriller de afectos e paixões.»

li e torno a ver

J. N. Barbosa, O candeeiro: a minha infância e a minha adolescência giraram à volta daqueles candeeiros...

terça-feira, abril 07, 2009

caderninho

O suicídio exprime a liberdade de morrer que a morte nos nega. Marcello Duarte Mathias
O Destino Velado

Bill Frisell, feat. Djelimady Tounkara, «Sugar Baby»

vi e torno a ler

L. G., Guiné-Bissau: Defensor de Direitos Humanos em risco de vida: pior, ainda é possível.
Gabriel Silva, Muppet Show : exactamente.
O Major Reformado, Onde está a Arca de Pessoa?: eu bem tinha escrito...
Marie Tourvel, Pocket Classic (O Vermelho E O Negro) :gosto como ela trata os clássicos.
Rose Marinho Prado, Uma toma conta da outra: »Nenhum de nós é um só homem.» (Ferreira de Castro).
João Paulo Guerra, Espera: ou para que diabo servem os meus impostos?
Joaquim Letria, Freeport: o ritmo da prosa distrai-me do mau cheiro que dali emana.

segunda-feira, abril 06, 2009

Caracteres móveis - Juan Ramón Jiménez

O poço! Platero, que palavra tão funda, tão verdenegra, tão fresca, tão sonora! Parece que é a palavra que perfura, girando, a terra escura, até chegar à água.


Platero e Eu
(tradução de José Bento)

O Vale do Riff - Aimee Mann, «Deathly»

domingo, abril 05, 2009

acordes nocturnos

oh!, um Agsma Recomendado!


O meu filho António resolveu presentear-me com um «Agsma Recomendado». É como ter um appointment de S. M. britânica aqui no blogue. Cheers!

capismo

Capa de autor anónimo para Ida e Volta duma Caixa de Cigarros, de Maria Archer
Editorial O Século, Lisboa, 1938

sábado, abril 04, 2009

Habitava da cidade / os lugares mais pequenos.
Filipa Leal

Outros tons - Sérgio Godinho, «O Charlatão»

Antologia Improvável #367 - Thales de Mello

AMOR.

Chegas, trêmula vens, quase chorando.
Parto, pálido vou, quase sorrindo.
Desejas-me e procuras-me, chegando.
Adoro-te e bendigo-te, partindo.

Meu duro coração torna-se brando
Mal te adivinha o corpo esbelto e lindo.
Porque me queres vives-me buscando...
Porque te quero vivo-te fugindo...

Mas um dia um acaso. Frente a frente
Nós dois: tu, comovida e enamorada,
Eu amorosamente aflito e mudo.

E nesse doce idílio, de repente,
As nossas bocas não nos dizem nada,
Para que os nossos olhos digam tudo.

Baú de Couro

O Vale do Riff - Ella Fitzgerald, «How High The Moon»

sexta-feira, abril 03, 2009

Um Prémio de Marie

Marie dá-me o prémio de fazer companhia ao Abencerragem.
Outro melhor não pode haver.
Obrigado, Marie.

quinta-feira, abril 02, 2009

caderninho

Se um poeta pedisse ao Estado o direito de ter alguns burgueses na sua cavalariça, haveria enorme espanto, ao passo que se um burguês pedisse poeta assado, seria considerado muito natural. Baudelaire
Fogachos (tradução de João Costa)

O Vale do Riff - Bill Le Sage,«Times Two And A Half»

quarta-feira, abril 01, 2009

homenagens a Nicot

Comandante Abel Fontoura da Costa
desenho d M. prates, Cabo Verde, 1916

Caracteres móveis - Nietzsche

Cristão é o ódio mortal contra os senhores da Terra, contra os «nobres» -- e ao mesmo tempo uma concorrência oculta e secreta (-- deixa-se-lhes o corpo, apenas se lhes quer a «alma»). Cristão é o ódio ao espírito, ao orgulho, à coragem, à liberdade, à libertinage do espírito; cristão é o ódio contra os sentidos, contra a alegria do sentidos, contra a alegria em geral...


O Anticristo
(tradução de Tavares Fernandes)

O Vale do Riff - Neil Young, «Comes A Time»