Havia já mais de dez minutos que o Sol mergulhara no ocaso. A noite começava a entenebrecer sobre o vale. As folhas amarelecidas, que o Outono arrancava das árvores e com que a brisa doidejava, arrastando-as sobre a relva verdejante dos campos, já com esta se confundiam numa só massa pardacenta. O castelo do baliado principiava a assombrar-se e a denegrir-se. O chiar dos carros e as vozes dos lavradores tinham cessado. Os cães da aldeia começavam a latir de espaço a espaço e as casas e arribanas, que rodeavam aqui e ali a fortaleza, emantilhavam-se no espesso fumo resinoso que lhes saía pelas fendas dos tectos palhiços e que a calma da atmosfera deixava estacionar sobre eles.

O Balio de Leça
Sem comentários:
Enviar um comentário