Espantado, Pedro examinava aquele horroroso rosto, o que cinquenta anos de trabalho e de miséria, de injustiça social haviam feito de um homem. Acabara por distinguir a cabeça branca, gasta, deprimida, deformada. Toda a derrocada do trabalho sem esperança sobre uma face humana. A barba inculta, ensilvando-lhe as feições, o ar de um cavalo velho que já se não tosquia, com as maxilas de través, depois de terem caído os dentes. Olhos vítreos, um nariz que quase tapava a boca. E principalmente aquele aspecto de animal arqueado pelas fadigas do ofício, escangalhado, abatido, bom unicamente para a matança.
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Paris
(tradução de Pandemónio)
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