«E lá ia, que remédio!, de balde ao ombro, a espreitar alguma maracha que precisasse de engravatada, por oscilação de terras, ou canteiro mais soberbo por desequilíbrio da gleba. Bem regara aquela maldita com o seu suor; longas horas de repouso tinha perdido à sua volta. Mas também a alegria de ver todo o arrozal farto de espigas o dava por bem pago no fim do contrato.» Alves Redol, Gaibéus (1939)
«Porque diabo este pacóvio largou tudo e abalou também? / E os outros, -- toda a malta da terceira, imunda, sórdida -- miseráveis, porque trocam a sua pobreza livre pela escravidão? E eu?» Joaquim Paço d'Arcos, Diário dum Emigrante (1936)
«Às quatro paredes brancas, seguiam-se a capoeira da criação e o quintal, mui cultivado, muito verde -- as couves gordas, os feijoeiros abraçados às estacas e as ervilhas cheias de garridice por terem flores como violetas.» Ferreira de Castro, Emigrantes (1928)
1 comentário:
«Vivemos num mundo que está a ir de mal a pior e é humanamente inútil. O espectáculo global é uma demonstração clara e óbvia daquilo a que chamo a irracionalidade humana. Vemos o abismo, está mesmo diante dos nossos olhos, mas movemo-nos em direção a ele como uma turba de lemingues suicidas, com a diferença fundamental de que, ao longo do caminho, nos divertimos a enganarmo-nos uns aos outros.»
José Saramago, "Cadernos de Lanzarote"
Enviar um comentário