segunda-feira, junho 30, 2025

se fosse húngaro, provavelmente também teria marchado (ou, melhor dito, desfilado)

Para muitos serei um homofóbico, qualificativo em que não me reconheço, pois sendo a homossexualidade uma característica que caracteriza uma pequena parte da humanidade (li há anos, algures, que rondará os 6% da população), como não há seres humanos de primeira nem de segunda, e qualquer um poderá ter essa tendência congénita, toda a liberdade e toda a tranquilidade deve ser reconhecida a esse grupo significativo de pessoas;

Embora deteste a subcultura gay extravasada pelo kitsch, não me passa pela cabeça proibir as suas manifestações organizadas, desde que públicas e reconhecidas;

Conheço as origens do pride (um massacre ocorrido nos Estados Unidos na década de 1970) e a necessidade legítima de levantamento da comunidade homossexual pelos seu legítimos direito a existir livremente e em paz;

Posto isto, estou completamente de acordo com Orbán e Putin quando limitam a inculcação da homossexualidade nas escolas, através de programas manhosos; entre outras coisas vejo-o como um abuso e um atentado à autodeterminação sexual dos jovens; uma coisa é a abordagem científica curricular da sexualidade humana em cadeiras como a Biologia e afins; outra é circo activista;

No entanto, se fosse húngaro, teria muito provavelmente estado na manifestação de ontem, em que participaram milhares de manifestantes que não eram certamente activistas do lóbi gay, antes cidadãos que não aceitam o abuso de poder por parte do Estado;

Podemos ter todas as reservas, e até aversão relativamente a certas manifestações deste grupo de pessoas -- eu, que detesto carnavais e réveillons certamente tenho --; mas não me passa pela cabeça autorizar que um governo, qualquer que ele seja, se arrogue o direito de limitar a liberdade individual e o direito de manifestação, sob falsos pretextos, como o da "defesa das crianças". Não é assim que se defende o princípio da livre e informada educação.

Qualquer governo que procure limitar a liberdade individual que não interfira com a liberdade de outro indivíduo torna-se ilegítimo e deve ser derrubado. (Note-se, porém, que me refiro estritamente à liberdade individual; quanto a organizações, o Estado já deve dispor do dever de avaliar caso a caso.)

Por isso, em princípio, se fosse húngaro teria desfilado ontem.

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