Nota prévia: sou ignorante em muitas matérias, uma das quais a que concerne à táctica militar. A opinião que se segue estriba-se no que ouvi entre sábado à noite e hoje de manhã a três militares -- Mendes Dias, Arnaut Moreira e Isidro Morais Pereira --, todos partidários de uma derrota russa, embora, quanto a mim, apenas o primeiro se mostrasse objectivo e isento.
A contra-ofensiva ucraniana parece ser um facto, tal como os russos parecem ter sido surpreendidos, pelo que, a acreditar nas imagens vindas a público, estaremos entre a fuga, pela surpresa do ímpeto atacante e a retirada táctica, para reagrupamento e contra-ataque.
Não sei se o que fez a diferença foi o tal armamento ocidental; pelo que tenho ouvido, não terá sido decisivo, como desde o início sucede, o auxílio da Nato nas informações prestadas -- além, obviamente do ímpeto de quem defende o país, de onde deveremos retirar o Donbass, de maioria russa e em guerra desde 2014 (o que serve para os ucranianos serve também para os russos), para não falar na Crimeia, russa até à medula, reposta que foi a normalidade, corrigindo-se a parvoíce etilizada do camarada Krushtchev,
Passando da táctica para a estratégia, só podemos arriscar prognósticos, pois ninguém ainda sabe como isto vai acabar e se o bom senso irá prevalecer em ambos os lados:
A Rússia sairá sempre vitoriosa, embora parcialmente, se mantiver Donetsk e Lugansk -- a Crimeia é um dado mais do que adquirido --, além da interdição permanente da pertença da Ucrânia à Nato (quanto à UE, vamos ver); será derrotada se algum destes pressupostos não se verificarem -- para além da derrota objectiva que significa a adesão da Finlândia e da Suécia; no entanto estas não têm, nem de perto nem de longe a importância, desde logo simbólica que a Ucrânia tem para a Rússia.
Mas pode ser que o bom senso não impere, que o Pentágono -- a entidade que está a dar guerra aos russos utilizando a mão-de-obra ucraniana -- ache que pode alcançar um pouco mais e contribuir para a queda de Putin, o grande objectivo, uma jogada muito arriscada. Nesta altura, como mencionou Mendes Dias, há na Rússia mais radicais que o Putin no que respeita à Ucrânia e à guerra surda -- e agora sou eu que digo -- que os Estados Unidos lhe movem, com a cumplicidade perversa ou a subserviência enconada europeias, conforme os casos. Os próximos tempos dirão o que irá prevalecer, tudo depende da habitual ponderação dos interesses em jogo de cada parte.
Quanto à situação no terreno, aconselho calma e algumas orações concernentes à resposta russa. Demasiado importante, Kiev tem sido poupada, e esperemos que assim continue.
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