sábado, setembro 01, 2018

«A miséria constitui talvez o mais poderoso de todos os laços.» Balzac, A Vendetta (1830) (tradução de Artur Soares Filho)

«Amo os lobos, nascidos para a solidão e para a fome.» Raymond Léopold Bruckberger, O Lobo Milagreiro (1971) (trad. Jorge de Sena)

«Nas enormes camaratas, junto às janelas abarrotadas, por onde entrava o ar fresco da manhã renovando o ambiente carregado pelo respirar do amontoado de carne, formavam-se os grupos, as tertúlias da desgraça, procurando-se os homens pela identidade dos seus feitos: os delinquentes por crimes de sangue eram os mais numerosos, inspirando confiança e simpatia com os seus rostos enérgicos, os seus gestos resolutos e a sua expressão de selvagem pundonor; os ladrões, receosos e assolapados, com sorriso hipócrita; e entre uns e outros, cabeças com todos os sinais de loucura ou imbecilidade, criminosos instintivos, de olhar vago e incerto, fronte deprimida e lábios delgados, franzidos por certa expressão de desdém; testas de labrego extremamente rapadas, com as enormes orelhas despegadas do crânio; madeixas sebosas com com caracóis até às sobrancelhas; enormes mandíbulas, dessas que só se encontram nas espécies inferiores ao homem; blusas rotas e remendadas; calças no fio, e muitos pés, gastando a pele dura nos ladrilhos vermelhos.» Vicente Blasco Ibañez, «Casa de correcção», Contos Valencianos (1896) (tradução de Manuel do Nascimento)

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