quinta-feira, setembro 20, 2018

Egas e Becas: é pena, pá, mas são só melhores amigos

O Egas e o Becas (e o Cocas, o Monstro das Bolachas, o Conde de Kontarr, etc., etc.) ainda chegaram a tempo de preencher o meu imaginário infantil. A «Rua Sésamo» deve ter-se estreado na RTP aí por 1976, andava eu entre os onze e os doze anos.
Nessa altura, no tempo do "Ciclo Preparatório" (!), fazíamos um jornal na escola, o Vikings, dinamizado pelo mais inteligente dos meus colegas -- ou o mais divertido dos meus colegas inteligentes, o João Carlos Seguro Seco (há décadas que não o vejo). Nesse jornalinho, de que saíram vários números (perdi-os todos num incêndio), as personagens da «Rua Sésamo» eram omnipresentes, pois trata-se talvez da mais genial série pedagógica para a infância que alguma vez foi produzida.
Nunca me apercebera de que se tratava de um casal gay , nem eu nem nenhum dos meus amigos. E nunca nos apercebemos porque, em linguajar tecno-burocrático, 'não se aplica'.
Como qualquer rafeiro ordinário, a imprensa generalista pouco séria abanou a cauda, salivou e gozou o vómito da aldrabice.  Este tal Mark Saltzman, de quem nunca ouvira falar, é apresentado como o criador das personagens, quando toda a gente sabe que quem criou todo o universo da «Sesame Street» e do Muppet Show»  foram o glorioso Jim Henson e Frank Oz. Saltzman foi um dos argumentistas. Eu até admito que o homem tenha respondido honestamente à pergunta, dizendo inspirar-se na sua vivência doméstica com o companheiro para a escrita das deliciosas trapalhadas e quiproquós da dupla, e que a revista de gay lifestyle, tenha extrapolado, e a partir a pasquinada global tenha começado a ladrar -- dou sempre o benefício da dúvida a criaturas que não conheço de ginjeira, o que por vezes me causa amargos de boca, mas já estou velho para mudar.
No entanto, com assombroso bom senso, para os tempos que correm (gosto destas tiradas conservativas, e conversativas também) a Sesame Workshop já veio pôr os pontos nos is -- são bonecos, não têm orientação sexual..., e mais importante, um dos verdadeiros criadores, Frank Oz, não só desmente, como se questiona, de modo gentil e inteligente, sobre o interesse da  questão.
 Os comics underground, da revista Mad para baixo (e já nem falo das tijuana bibles) sempre brincaram com as identidades sexuais das personagens de BD,  a começar pela parelha Batman & Robin enquanto casal homossexual, um clássico. Mas estamos no domínio da 9.ª Arte. Isto é outra coisa, particularmente estúpida e obviamente dolosa, que de artístico não tem nada -- mas felizmente um fogacho de cabeça de fósforo, que já nem deita fumo nem cheiro. 

10 comentários:

PNLima disse...

Eu costumo dizer, quando surgem estas idiotices, que não têm mais nada que fazer. E eu punha-os a cerzir umas meias, já que estão tão desocupados (isto ou outra utilidade qualquer que não lhes dê tempo...)

R. disse...

;)

Jaime Santos disse...

Estamos ao nível da sátira, não :-) ?

R. disse...

Vou já mandar calar este gajos...

Jaime Santos disse...

Mas devo dizer, que exceto talvez quando era criança e inocente, aqueles dois (assim como o Batman e o Robin, o Rapaz Maravilha) nunca me enganaram ;-) ...

Ver o 'soquete' do Homem da Borracha Negra, lá pelo minuto 45:00 (isto hoje se calhar já não passava na televisão) :-) ...

https://www.youtube.com/watch?v=3r95lUbPqAA

R. disse...

Tenha paciência, mas muito melhor do que aquela larilage é ver os grandes Lauro Dérmio e Diácono Remédios! Ainda me estou a rir...

Jaime Santos disse...

Nunca disse que era o 'soquete' mais engraçado do programa :-). É só o mais a propósito do seu post...

R. disse...

Confere!

M,Franco disse...

Já não há paciência para tanta estupidez...

R. disse...

Na verdade!...