quinta-feira, maio 29, 2008

Antologia Improvável #311 - Alfredo Guisado (2)

A CARRUAGEM REAL

Na minha antiga casa de jantar,
Juntei os meus brinquedos mais queridos.
Uma rosa no teto: era o luar;
As cadeiras, esfinges. Véus caídos...

A mesa era a montanha que elevava
O castelo real. Brasões ao centro.
Em baixo, a carruagem esperava
O velho rei que não cabia dentro.

Nas portas tinha vidros e cortinas.
E os cavalos com rodas pequeninas
Andavam, a correr, larga distância.

E ainda que meu sonho me adormeça,
É numa carruagem como essa
Que às vezes eu regresso à minha infância.

A Lenda do Rei Boneco / Líricas Portuguesas. 2.ª Série
(edição de Cabral do Nascimento)

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