terça-feira, setembro 30, 2025

Gouveia e Melo sobre o que se passa na Europa

A bem dizer, não me espantaram as afirmações por quem é almirante da Marinha, antigo CEFA e candidato à Presidência da República.

A primeira^, é o distanciamento desta retórica belicista, ligeira e estúpida com que se fala no abate de aviões de guerra russos no caso de violação do espaço aéreo, como se não houvesse protocolos e nos céus da Europa se preparassem duelos ao sol, como se de uma grande coboiada se tratasse. Ele é um militar experiente e de topo, e sabe do que está a falar. Prudência na firmeza e sobretudo diplomacia. Já o seu acordo com a possível entrega dos Tomahawk à Ucrânia (operados por quem?), não me parece avisado...

Sábio é o que não disse: parar a guerra, salvando o que pode ser salvo: mas, no fundo, considerando ele que a vitória da Rússia é um problema para a Europa -- deveria ter desenvolvido por que razão a Europa se meteu neste atoleiro --, deve ainda acreditar que há espaço para uma qualquer vitória do Ocidente, Não há nenhuma; e o saltar fora dos Estados Unidos é disso um sinal evidente.

Importante foi o que afirmou sobre a questão atlântica: os nossos interesses vitais estão no Atlântico, Norte e Sul, e não podem ser descurados. Como têm negligentemente sido, acrescento.

2 comentários:

Manuel M Pinto disse...

É dele (GV) a triste, grotesca e aleivosa afirmação:
«Se a Europa for atacada e a Nato nos exigir, vamos morrer onde tiver de morrer para a defender»
DN, 15-05-2024
Ver:
https://otempodascerejas2.blogspot.com/2024/05/a-mare-alta-do-belicismo.html

R. disse...

O que ele disse, posto assim a seco, é um truísmo que decorre dos tratados;
certamente que aqui não se lembrou que já pensava ser candidato a PR e respondeu como um autómato que cumpre ordens sem discussão;
é evidente que a realidade não é simples (nunca é), e as respostas que deu ontem mostram que parece estar a deixar a farda autómata pendurada no cabide;

Como não concordar que Portugal deve deixar de se preocupar tanto com o Leste e virar-se para o Atlântico? Até porque é o básico, o bê-á-bá do pensamento estratégico nacional.

Claro que tudo isto são palavras; o que cada um faz com elas é o que define um homem. Mas isso só depois saberemos.