terça-feira, setembro 30, 2025

o plano de Trump para Gaza: o melhor e o menos bom

Lidos os 21 pontos, confesso que estou surpreendido, e muito, e pela positiva. 

Centrando-me nas questões essencialmente políticas: 

a criação futura de um estado palestino resulta inevitável do cumprimento do acordo, mesmo que o criminoso Bibi já esteja a virar o bico ao prego para salvar o coiro da enxovia (os partidos religiosos já lhe tiraram o tapete) -- esta é a principal conclusão a tirar do documento;

os membros do Hamas que o aceitarem serão amnistiados, ou ser-lhes-á facultada a saída do território com garantias de segurança;

as organizações a operar no terreno serão a ONU, a Cruz Vermelha e outras congéneres;

um governo temporário de tecnocratas, constituído por palestinos; 

a criação de um órgão internacional de transição, denominado Conselho da Paz, infelizmente presidida por Tony Blair, outro criminoso de guerra;

a desmilitarização de Gaza e a retirada do exército israelita;

as condições, com as reformas na Autoridade Palestina, para a criação de um caminho para a autodeterminação e criação do estado da Palestina;

o apoio dos países árabes (Egipto, Jordânia, Arábia Saudita e monarquias do Golfo), dos principais países islâmicos (Turquia, Paquistão e Indonésia, com a compreensível excepção do Irão no contexto actual, mas que não ficou esquecido no texto) e o já anunciado apoio da Rússia.

A maior fragilidade é a de não haver um cronograma estabelecido para a criação do estado e a ausência de referência aos colonatos ilegais na Cisjordânia; 

Repito: a maior potência militar do mundo compromete-se com a autodeterminação do povo palestino e força o pm israelita a reconhecer o seu direito a um estado.

Qual é a alternativa?

2 versos de Ana Hatherly

«O corpo fala / na muda voz da ideia cruamente pura» 

Volúpsia (1994)

Gouveia e Melo sobre o que se passa na Europa

A bem dizer, não me espantaram as afirmações por quem é almirante da Marinha, antigo CEFA e candidato à Presidência da República.

A primeira^, é o distanciamento desta retórica belicista, ligeira e estúpida com que se fala no abate de aviões de guerra russos no caso de violação do espaço aéreo, como se não houvesse protocolos e nos céus da Europa se preparassem duelos ao sol, como se de uma grande coboiada se tratasse. Ele é um militar experiente e de topo, e sabe do que está a falar. Prudência na firmeza e sobretudo diplomacia. Já o seu acordo com a possível entrega dos Tomahawk à Ucrânia (operados por quem?), não me parece avisado...

Sábio é o que não disse: parar a guerra, salvando o que pode ser salvo: mas, no fundo, considerando ele que a vitória da Rússia é um problema para a Europa -- deveria ter desenvolvido por que razão a Europa se meteu neste atoleiro --, deve ainda acreditar que há espaço para uma qualquer vitória do Ocidente, Não há nenhuma; e o saltar fora dos Estados Unidos é disso um sinal evidente.

Importante foi o que afirmou sobre a questão atlântica: os nossos interesses vitais estão no Atlântico, Norte e Sul, e não podem ser descurados. Como têm negligentemente sido, acrescento.

segunda-feira, setembro 29, 2025

a flotilha

Só para que fique registado que tenho respeito pela coragem dos que integram a flotilha rumo a Gaza, entre os quais está Mariana Mortágua, que enfrentarão a força de um estado terrorista e genocida -- não me interessa nada que haja intuitos políticos outros. Perante a catástrofe, tal é irrelevante.

Não tenho nenhum respeito pelos defensores das acções do estado israelita, em especial os que querem atirar areia para os olhos, falando no Hamas, e nas imagens filtradas pelo Hamas, e pelos números avançados pelo Hamas e pelo massacre de 7 de Outubro. Zero respeito.

2 versos de António Jacinto

«Fraternidade nas lágrimas / que dos teus olhos mereço» 

«Lutchinha», Sobreviver em Tarrafal de Santiago (1985)

domingo, setembro 28, 2025

Bruce Springsteen, «Point Blank»

o que está a acontecer

«I- Quem o diria, Berenice?... Sim, porque quando tu nasceste eu já não era um adolescente: -- já tinha realizado aspirações, sofrido desilusões... / Mário d'Albuquerque calou-se por momentos: -- como se o sufocassem as recordações da sua mocidade já longínqua: -- dessa mocidade que já se perdia num céu de olvido e tristeza.» Eduardo Frias e Ferreira de Castro, A Boca da Esfinge (1924)

«Permiti-me observar-lhe que estranhava, porque a arte dos que escrevem em "Orpheu" sói ser para poucos. Ele disse-me que talvez fosse dos poucos. De resto, acrescentou, essa arte não lhe trouxera propriamente novidade: e timidamente observou que, não tendo para onde ir nem que fazer, nem amigos que visitasse, nem interesse em ler livros, soía gastar as suas noites, no seu quarto alugado, escrevendo também.» Fernando Pessoa, Livro do Desassossego por Bernardo Soares (póst., 1982) 

« -- Demoro-me pouco... palavra! Cursos de milicianos... Moeda fraca! Para a infantaria, três meses. Se não fecharem os concursos para secretários-gerais, então aproveito. Bem sei que há só três vagas mais de cem bacharéis à boa vida... Mas não tenho medo das provas. Bastam algumas semanas para me preparar a fundo... rever a legislação.» Vitorino Nemésio, Mau Tempo no Canal (1944) 

«Before and After» (Rush)

sábado, setembro 27, 2025

5 versos de A. M. Pires Cabral

«Um rio refém / das memória de outra geração: / quando era um ímpeto de ira / como um punhal tirado da bainha / ou pedra arremessada contra o vidro.»

«Rio refém», Douro: Pizzicato e Chula, 2004

sexta-feira, setembro 26, 2025

Bobby Timmons, «Moanin'»

2 versos de Carlos Daniel

«O princípio / Foi uma mancha maravilhosa e branca» 

«O tempo», Os Meus Dias (2018)

quinta-feira, setembro 25, 2025

2 versos de Ruy Belo

«esses americanos gente do dinheiro e do veneno / de um veneno talvez chamado dinheiro» 

«Requiem por Salvador Allende», Toda a Terra (1976)

quarta-feira, setembro 24, 2025

Cannonball Adderley, «Stockholm Sweetnin'»

2 versos de Manuel Bandeira

«Essa dor de sorrir bebendo o ar fino, / A esmorecer e desejando tanto...» 

«A António Nobre», A Cinza das Horas (1917)

terça-feira, setembro 23, 2025

Claudia Cardinale


Pode parecer estranho, mas com a sua morte é um pouco da minha pré-adolescência que desaparece.
 

«West End Blues» (John Faddis)

ucraniana CDIII - angelismo

Não falo em má-fé -- não conheço a pessoa --, mas achar que o alargamento da Nato ocorreu na base dos bonitos princípios ali enunciados, é não ter noção das pulsões imperiais -- que, em abstracto, tanto assistem americanos, russos, chineses e outros.

A partir deste (pseudo)angelismo, constrói-se uma grelha de análise maniqueísta, entre bons  e maus, que os impreparados, os ignorantes e os oportunistas absorvem, servindo-lhes talvez de justificativo para a irracionalidade dos actos dos decisores políticos no sentido de uma escalada insana -- a "fuga para a frente", como bem caracterizou Carlos Branco --, demasiado perigosa se o objectivo for a lavagem ao cérebro das opiniões públicas para que aceitem os gastos previstos com a defesa.

Mas o que ali se lê são as balelas de sempre dos neocons; e o que se defende, sem coragem para o afirmar, é mesmo o confronto directo com a Rússia. Nada disto é novo, andamos há três anos e tal a ouvir as mesmas coisas. No fundo, uma guerra limitada a solo europeu -- santa ingenuidade, ou a desfaçatez dos warmongers -- estrangeirismo que apanhei a Carlos Matos Gomes, cuja cultura e agudeza de análise tanta falta fazem. 

O que também impressiona naquela análise de um português é a ausência de Portugal na equação, dos seus interesses permanentes, que, obviamente como tenho aqui escrito sempre, não podem ser antagonistas do nosso grande vizinho atlântico que são os Estados Unidos e muito menos alienar, prejudicar, secundarizar um dos nossos maiores activos estratégicos, a comunidade dos países de língua portuguesa, que é o que nos dá peso relativo, como se viu na recente viagem de Luís Montenegro à China. Ao contrário, Portugal figura ali como uma espécie de Kosovo -- ou seja, não existe.

2 versos de Sebastião Alba

«E oiça-se a restolhada das palavras / quando caminhamos para o poema» 

«Parêntesis», A Noite Dividida (1982)

o que está a acontecer

«Um dia qualquer, que nos aproximara talvez a circunstância absurda de coincidir virmos ambos jantar às nove e meia, entrámos em uma conversa casual. A certa altura ele perguntou-me se eu escrevia. Respondi que sim. Falei-lhe da revista "Orpheu", que havia pouco aparecera. Ele elogiou-a, elogiou-a bastante, e eu então pasmei deveras.» Fernando Pessoa, Livro do Desassossego por Bernardo Soares (póst., 1982)

«Pegávamos nos cocharros, abaixávamo-nos e, fincadas no desembaraço de gente do Monte, atestávamos as quartas com toda a ligeireza, que a arranchada, impacientada pelas sequidões do amanho do alqueive, não nos consentia molezas -- a tal indolência que os cá de cima, com a língua afiada de desdém, afiançam ser jeiteira da gente lá de baixo.» Silvério Manata, A Bicicleta do Ourives Ambulante (2016) 

«I- A Serpente Cega / -- Mas não voltas tão cedo... / João Garcia garantiu que sim, que voltava. / Os olhos de Margarida tinham um lume evasivo, de esperança que serve a sua hora. Eram fundos e azuis, debaixo de arcadas fortes. Baixou-os um instante e tornou: / -- Quem sabe...?» Vitorino Nemésio, Mau Tempo no Canal (1944)

segunda-feira, setembro 22, 2025

serviço público - Carlos Branco

 «Em permanente fuga para a frente»:

"Aliados com os setores norte-americanos mais belicistas, contra o interesse dos povos que representam, os dirigentes europeus caminham como sonâmbulos para o abismo presos à sua autoilusão, incapazes de perceberem o beco sem saída em que se meteram e para onde nos estão a levar com a obsessão ucraniana. A profundidade do seu envolvimento nesta guerra impede-os de dar uma volta de 180 graus e recuar. Para salvarem a face, preferem fazer uma fuga para a frente, mesmo que isso envolva uma guerra em larga escala. A possibilidade de uma confrontação na Europa aumenta diariamente, deixando agora de ser apenas retórica. Entretanto, políticos e comentadores néscios continuam a achar que a Europa vai conseguir vencer militarmente a maior potência nuclear do mundo no seu território. Livrem-nos desta gente, que dos russos livramo-nos nós."

Néscio: ignorante, inepto, estúpido, diz o Priberam. Acrescentem: vigaristas! E depois arranjem todos os sinónimos que puderem, e ainda ficarão longe de fazer justiça a estes palhaços-pulhas.

ucraniana CDII - se o Peskov desmente a intrusão no espaço aéreo da Estónia, eu acredito, mesmo que esteja a mentir

Verdades, do lado de cá, só por acidente.

Django Reinhardt, «Brazil» (versão de 1947)

1 verso de José Emílio-Nelson

«Contra o boxe, mas porquê? Animal para animal. Duros golpes.» 

Humoresca (2002)

domingo, setembro 21, 2025

2 versos de Moreira das Neves

«Dize-o tu se calas o que sentes, / Eu te direi se vales o que dizes...»

«A poesia é silêncio», Mendigo de Deus (1944)

sábado, setembro 20, 2025

Roger Waters, a propósito dos neo-nazis em Kiev, dos sionistas genocidas de Israel, do colonialismo ocidental, e grande performance final -dirigida ao esterco que desgoverna o Ocidente

«Déjà Vu» (Crosby Stills & Nash)

o que está a acontecer

«Um caldo parelho a esse mas sem o bacalhau a enricá-lo; açorda singela, já se vê, que os tempos eram outros. Era um migalho de gente, para aí desta altura, mais ou menos. Acudia ao chamamento da mãe, à espera, junto ao poial das bilhas, alcançava a mais tamaninha, à medida dos meus quatro, cinco anitos de gaiata, assentava-ma na cabeça e abalávamos, caminho do pego, até à barroca para onde escorria, pelas frinchas das penedias, a água.» Silvério Manata, A Bicicleta do Ourives Ambulante (2016)   

«E não faltam ao mundo cheiros, nem sequer a esta terra, parte que dele é e servida de paisagem. Se no mato morreu animal de pouco, certo que cheirará ao podre do que morto está. Quando calha estar quieto o vento, ninguém dá por nada, mesmo passando perto. Depois os ossos ficam limpos, tanto lhes faz, de chuva lavados, de sol cozidos, e se era pequeno o bicho nem a tal chega porque vieram os vermes e os insectos coveiros e enterraram-no.» José Saramago, Levantado do Chão (1980)

«A sua voz era baça e trémula, como a das criaturas que não esperam nada, porque é perfeitamente inútil esperar. Mas era porventura absurdo dar esse relevo ao meu colega vespertino de restaurante. / Não sei porquê, passámos a cumprimentarmo-nos desde esse dia.» Fernando Pessoa, Livro do Desassossego por Bernardo Soares (póst., 1982)

sexta-feira, setembro 19, 2025

lacaios

As propostas para alteração das leis laborais fazem corar com vergonha alheia. 

Como é possível ser-se tão servil, tão indignamente agente do patronato, mostrar tanto descaso pelas pessoas, pelas suas vidas? Pergunta estúpida. Claro que é possível, a criadagem pela-se por ser útil. 

E agora também baixa de impostos para empresas com lucros acima de não sei quantos milhões.

Devo dizer que nada disto me afecta ou atinge pessoalmente, creio; apenas a náusea nauseabunda que atiram para a rua, da janela do Conselho de Ministros; a falta de higiene moral do capitalismo selvagem e de quem o serve. 

3 versos de Francisco Bugalho

«Coitada daquela rua! Nunca prende quem lá passa!... / Há uma enorme desgraça / Que ali, silente, flutua:» 

«Coimbra», Margens (1931)

quinta-feira, setembro 18, 2025

2 versos de José Régio

«Canto, porque nada tenho / Melhor que o dom de cantar...» 

Fado (1941)

quarta-feira, setembro 17, 2025

Karl Böhm, «Abertura Trágica», Op.81 (Johannes Brahms)

2 versos de Armindo Rodrigues

«Cada desejo é um fim / E cada fim um começo.» 

«Cavalgada», Romanceiro (1944)

terça-feira, setembro 16, 2025

King Oliver, feat. Louis Armstrong, «Krooked Blues»

1 verso de Fausto José

«Ah! vida, meu desassossego:»

«Inquietação», Embalo (1942)

segunda-feira, setembro 15, 2025

o que está a acontecer

«Soube incidentalmente, por um criado do restaurante, que era empregado de comércio, numa casa ali perto. / Um dia houve um acontecimento na rua, por baixo das janelas -- uma cena de pugilato entre dois indivíduos. Os que estavam na sobreloja correram às janelas, e eu também, e também o indivíduo de quem falo. Troquei com ele uma frase casual, e ele respondeu no mesmo tom.» Fernando Pessoa, Livro do Desassossego por Bernardo Soares (1982) 

«Não havia, por esses corgos abaixo, tamanha fartura: arriávamos as quartas. afundávamos os pés no chão barrento e, num instantinho, apanhávamos uma arregaçada para engrossar as sopas d'alho, onde, calhando as pitas terem sido generosas, até o luxo de uns ovos apareciam a boiar na fervura em cima da trempe ao borralho.» Silvério Manata, A Bicicleta do Ourives Ambulante (2016)

«Não faltam cores a esta paisagem. Porém, nem só de cores. Há dias tão duros como o frio deles, outros em que não se sabe de ar para tanto calor; o mundo nunca está contente, se o estará alguma vez, tão certa tem a morte.» José Saramago, Levantado do Chão (1980)

ucraniana CDI - a testa de Paulo Portas

Aqui, ou o exemplo da superficialidade da análise, para ser benévolo.

Sobre as razões profundas de que falam os russos, zero. Para aquela gloriosa cabeça, deve ser tudo uma aldrabice e perfídia do Putin.

"Se Donald Trump deixar a Rússia vencer na Ucrânia, a Rússia não parará na Ucrânia" -- finalizou Portas.

Depende, alvitro. Se a ideia é continuar a provocar, instabilizar, não acaba de certeza. Contudo, não foi a Rússia que se expandiu, não foi ela que fez tábua rasa dos tratados de proliferação de armas estratégicas, não foi ela que começou a interferir nos sistemas políticos do ocidente com a ideia de civilizar ou regenerar sociedades em ruptura. 

2 versos de Adolfo Casais Monteiro

«A rua: sem vozes, lisa e brilhante / sob a luz fria da lua.» 

«Luar numa rua», Poemas do Tempo Incerto (1934) 

domingo, setembro 14, 2025

«Where Are You?» (The Chameleons)

4 versos de Branquinho da Fonseca

«A rua cheia de luar / Lembrava uma noiva morta / Deitada no chão, à porta / De quem a não soube amar.» 

«Naufrágio», Mar Coalhado (1931)

zonas de confronto

Mikhail Bakunin: «Que os homens de Estado e os políticos, aristocratas e burgueses de todos os países se inquietam, temos disso provas nos discursos que pronunciam; não deixam escapar uma só ocasião que seja para exprimir as suas simpatias tão profundas e sobretudo tão sinceras por esta massa tão generosa e tão interessante de trabalhadores, que, depois de ter servido durante todos estes séculos de pedestal passivo e mudo a todas as ambições e a todas as políticas do mundo, se cansou enfim de desempenhar um papel tão pouco lucrativo e tão pouco digno, e anuncia hoje a sua firme vontade de não viver nem trabalhar mais senão para si própria.» «O movimento internacional dos trabalhadores» (1869), O Socialismo Libertário - trad. Nuno Messias  «§ Woody Allen: «Gris era genuinamente espanhol e Gertrude Stein costumava dizer que só um verdadeiro espanhol se comportaria como ele; quer dizer, falava espanhol e às vezes ia a Espanha ver a família. Era realmente maravilhoso de ver.» Getting Even / Para Acabar de Vez com a Cultura - trad. Jorge Leitão Ramos § Svetlana Alexievich: «Certa vez um miúdo vizinho perguntou-me: "O que fazem as pessoas debaixo da terra? Como é que vivem lá?" Também queríamos decifrar o mistério da guerra. / Foi quando comecei a pensar na morte... E nunca deixei de pensar nela, tornou-se para mim o maior mistério da vida.» A Guerra não Tem Rosto de Mulher (1985) - trad. Galina Mitrakovich § Félix Cucurull: «Eu olhava, abúlico, para o levante. Tu comentaste: "Está muito sereno". Nesse momento dei porque o vento me erguia no ar, como se fosse um balão de S. João. Eu gritava: "Dá-me a mão! Agarra-me!" Andei a esvoaçar pelas montanhas. Fiquei preso aos ramos de uma oliveira.» «Carta de despedida», Antologia do Conto Moderno -- trad. Manuel de Seabra § Michael Gold: «Como criança amedrontada, o pobre corpo já sangrento soluça: / -- Fala! / Em torturada agonia, o cérebro arde-lhe e clama: / -- Fala! / E o sangue latejante segreda-lhe: "A tua mulher está à espera... É só falares...". / E em todo ele um milhão de vozes grita: / -- Fala!... Fala! / ...Mas o preso não quer falar». «Cárcere», Para a Fente América... - trad. Manuel do Nascimento

sábado, setembro 13, 2025

«Bem Humorado», Ná Ozzetti e Tulipa Ruiz

7 versos de Afonso Lopes Vieira

«Vem, ó soldado Português da guerra, / Dormir enfim na tua terra: / E que a tua presença / Espectral, / A tua imensa presença acusadora e aterradora / Para quem te exportou como um animal, / Se estenda sobre o céu de Portugal...» 

Ao Soldado Desconhecido (1921)

zonas de conforto

«O vasto céu cobre o eirado e o casebre, mas o céu parece-me diferente, cheio de espaços vazios. Se a gente se demora a olhá-lo e se debruça um pouco mais, cai nesse buraco negro e dourado. Não é possível contemplá-lo muito tempo, porque o céu enche-nos de pensamentos confusos. Mete-se connosco, impõe-nos a sua grandeza e faz-nos sentir a nossa insignificância.» Raul Brandão, O Pobre de Pedir (póst., 1931)

«Não conseguira, porém, reprimir a ideia à solta e tivera medo de si próprio, medo dessa flor proibida e fanada que as suas vindas ali iam fazendo reverdecer, medo do sol tímido que sobe pelos muros invernais, musgosos e tristes.» Ferreira de Castro, A Missão (1954)

«Foi no dia seguinte, em novo encontro, que o conheceram. De 40 a 50 anos, o Lambaça, baixo e seco, tinha um rosto sombrio, de um moreno forte, realçado pela barba cerrada, a escova negra do bigode e uns olhitos pretos e observadores. Pelo seu trajo, um fato preto enrugado e acanhado e um chapéu igualmente preto enterrado sobre as sobrancelhas, dir-se-ia um pequeno lavrador endomingado.»  Manuel Tiago, Cinco Dias, Cinco Noites (1975)

sexta-feira, setembro 12, 2025

Peter Gabriel, «The Nest that Sailed the Sky»

o que está a acontecer

«Passei a vê-lo melhor. Verifiquei que um certo ar de inteligência animava de certo modo incerto as suas feições. Mas o abatimento, a estagnação da angústia fria, cobria tão regularmente o seu aspecto que era difícil descortinar outro traço além desse.» Fernando Pessoa, Livro do Desassossego por Bernardo Soares (póst., 1982)

«Mas isso depende do que no chão se plantou e cultiva, ou ainda não, ou não já, ou do que por simples natureza nasceu, sem mão de gente, e só vem a morrer porque chegou o seu último fim. Não é tal o caso do trigo, que ainda com alguma vida é cortado. Nem do sobreiro, que vivíssimo, embora por sua gravidade o não pareça, se lhe arranca a pele. Aos gritos.» José Saramago, Levantado do Chão (1980)

«Gente do monte - Colhíamo-las ao rés da vereda que sobe do Barranco do Campaniço, do lado em que entesta com a chapada, já ao endireito do Monte. Logo ali, onde uns palmos de atasqueiro conservam a fresquidão e se tapam de beldroegas pela primavera.» Silvério Manata, A Bicicleta do Ourives Ambulante (2016)

ucraniana CD - "para Oeste", ou o humor de Vladimir Putin

Parece que é a tradução de "Zapad" (2025)...

Bons tempos em que Putin tratava os países do Ocidente por parceiros ou amigos. Quando as luminárias do costume nos Estados Unidos (ler sempre O Americano Tranquilo, do Graham Greene) resolveram impor uma "derrota estratégica" à Rússia, usando a Ucrânia, como antes fora ensaiado com outros vizinhos, e a que os geniais estadistas europeus, com seus bobos da corte, aderiram sem reservas, ficámos nesta situação caricata de ouvir os latidos de quem não tem dentes para morder.

Apesar de tudo isto não ter graça nenhuma, Putin não é desprovido de humor, mesmo que negro.

1 verso de António Botto

«Variam os mundos -- / E a maldade humana mantém o seu posto.» 

A Vida que Te Dei (1938)

quinta-feira, setembro 11, 2025

ucraniana CCCXCIX - os drones na Polónia, a minha falta de paciência

Alguém sabe o que se passou? Eu ainda não, mas atendendo ao cadastro dos envolvidos, não me admiraria se houvesse aqui as manigâncias do costume. Aliás, fica já escrito que tenho mais facilidade em acreditar nos russos do que na presidente do conselho europeu ou na s-g da nato.  Aliás, aquele estafermo anunciou ontem em Estrasburgo "a Europa está em guerra e terá de o dizer aos europeus"

O Zelensky está, grão a grão, a conseguir o que quer, a envolver os europeus, já que não consegue envolver os americanos. Europeus, que se estão a habilitar. 

O Rangel convoca o embaixador russo para pedir "explicações"... A falta de sentido do ridículo foi sempre apanágio da figura.

Seguro ontem esteve bem, muito melhor do que Gouveia e Melo -- a não ser que o almirante saiba algo que o povo ignaro não sabe... E as reacções de Nuno Melo foram melhores do que eu esperava, ou seja, sensatas.

Portugal, por todas as razões, da decência aos interesses próprios, deve lidar com esta cáfila com o maior cuidado. Para carnificina, já nos chegou aquela a que os patetas dos republicanos (com excepções) nos conduziram e a que o colonialismo salazarista infligiu aos daquém e dalém mar...

3 versos de Florbela Espanca

«Trata por tu a mais longínqua estrela, / Escava com as mãos a própria cova / E depois, a sorrir, deita-te nela!» 

«A uma rapariga», Charneca em Flor  (póst., 1930) 

quarta-feira, setembro 10, 2025

David Benoit, «Linus Tells Charlie»

4 versos de João Saraiva

«"Sou alta" -- diz a Amizade. / "Sou profundo" -- diz o Amor. / E lembram bem, na verdade, / Montanha e vale , ao sol-pôr.» 

«A montanha e o vale», Sol-Posto (1943)

o que está a acontecer

«Um, por exemplo, tinha certo modo de cortar no ar (cerrando depois o punho sobre a mesa) que revelava todo o seu gosto de pôr, dispor, e possuir. Estas particularidades ferem-me sempre em certos momentos sonambúlicos. Incapaz de apanhar então o panorama ou a síntese das coisas, a minha atenção esfarrapada choca-se com detalhes inúteis. Só a minha memória, trabalhando depois sobre eles, pede à minha imaginação que lhes dê sentido.» José Régio, Jogo da Cabra Cega (1934)

«O que mais há na terra, é paisagem. Por muito que do resto lhe falte, a paisagem sempre sobrou, abundância que só por milagre infatigável se explica, porquanto a paisagem é sem dúvida anterior ao homem, e, apesar disso, de tanto existir, não se acabou ainda. Será porque constantemente muda: tem épocas no ano em que o chão é verde, outras amarelo, e depois castanho, ou negro. E também vermelho, em lugares, que é cor de barro ou sangue sangrado.» José Saramago, Levantado do Chão (1980) 

«Assim, afrontando o claro sol e gárrulo estridor das aves, a ceifeira incorruptível veio surpreender, no dobrar dos sessenta, aquele homem rígido cujo coração era um compêndio de expressões imperativas, e onde, com a idade, começavam a pungir alguns flácidos rebentos de amor.» José Dias Sancho, Bezerros de Ouro (póst., 1930)

terça-feira, setembro 09, 2025

1 verso de Queirós Ribeiro

«Se a vossa luz me afasta, o vosso abismo atrai-me!» 

«Aspirações», Cinzas (1896)

segunda-feira, setembro 08, 2025

Madonna, «Cry Baby»

3 versos de Anrique Paço d'Arcos

«Reluz num cerro a alvura duma ermida / Velhinha abandonada ao esquecimento, / Batida pela chuva e pelo vento...» 

«Crepúsculo montanhês», Divina Tristeza (1925)

domingo, setembro 07, 2025

parece que na Austrália é dia do pai...

e a minha filha Teresinha (filho n.º 3), que está lá para baixo, enviou-me um cartão em que gaba as minhas muitas qualidades... Estou vaidoso.




sábado, setembro 06, 2025

Bruce Springsteen, «The River»

o que está a acontecer

«Jamais! Jamais! É lei da natureza que tudo se transforma, que as pessoas e as coisas se modificam, e mudam, e se apagam, como riscos de giz num quadro de ardósia: as estrelas e as flores, as águias orgulhosas e os rasteiros vermes, os soldados obscuros -- e os emplumados e gloriosos generais.» José Dias Sancho, Bezerros de Ouro (póst., 1930)

«Há aqui ódios que minam e contraminam, mas como o tempo chega para tudo, cada ano minam um palmo. A paciência é infinita e mete espigões pela terra dentro: adquiriu a cor da pedra e todos os dias cresce uma polegada.» Raul Brandão, Húmus (1917)

«E ao lado estavam dois homens gordos, conversando com gestos que pareciam mais curtos pela altura do ventre e a largura dos ombros. Mas à força de cupidez, sinceridade ingénua, e teimosia em mùtuamente se lograrem, -- os seus gestos eram pitorescos e fortes.» José Régio, Jogo da Cabra Cega (1934)

ucraniana CCCXCVIII - 26 países dispostos a "ajudar" a Ucrânia, mas é segredo -- salta fora, Montenegro!

Eu só espero que Putin continue a manter o sangue frio diante destes bandalhos, liderados (forte liderança...) pelo eunuco moribundo Macron.

Por falar em eunucos, o que está a fazer na pseudo-coligação o s-g da Nato, aliança alegadamente defensiva?...

Luís Montenegro disse na AR que Portugal estaria disposto a estar presente numa missão, sob o mandato das Nações Unidas. Estarei aqui para elogiar a coerência e honestidade política do p-m, até porque não há outra possibilidade de conduzir uma acção legítima neste assunto. 

«You Go to My Head», (Rod Stewart)

4 versos de Alberto de Serpa

«Ouço-a, / Os olhos fechados, a cabeça entre as mãos... // Ponho nela a minha vida, / E não há mais simples nem mais bela música...» 

«Música», Descrição (1934)

sexta-feira, setembro 05, 2025

ucraniana CCCXCVII - o superno Gaspar dá-nos a solução para a guerra e torna-se sério candidato ao Nobel da Paz, ameaçando o sonho Trump

Carlos Gaspar, o académico que parturejou uma série de especialistas em relações internacionais e adjacências, grande parte deles a iluminar desde há três anos e meio um ecrã perto de si, e também guru de editores de meia tijela da área internacional, deu ontem, aos microfones da TSF, numa intervenção em que só apanhei a parte final, a sua (e não apenas) receita para acabar com a guerra, e é esta: 

os países europeus juntam-se (quantos?, quais?, sob que comando?), projectam as suas forças na Ucrânia, assim à Lagardere, e pronto. A que o gaguejante jornoeditor retruque: -- Mas assim vão entrar em guerra com a Rússia... Impassível, egrégio, definitivo e catedrático, remata Gaspar: os países europeus avançam para a Ucrânia e a Rússia pára a guerra. 

E porquê?, pergunto-me ao volante. Gaspar não disse mais, e eu fico a supor que a Rússia terá medo de uma força constituída, digamos, por franceses, britânicos (os italianos e os polacos já disseram que não entram, sequer após um acordo), mais uns bálticos e uns escandinavos e quiçá 3 soldados da GNR 3, e a Rússia.

Eu cá, se fosse Putin, agora que o crude estabilizou, e além do mais parece que é desta que os europeus vão deixar de comprar matérias-primas à Rússia, directa ou, em manigância pulha, disfarçadamente à Índia -- se fosse Putin dava não só corda aos sapatos, como encomendaria uns milhares de pares de botas no extremo-oriente e um valente suprimento de máquinas de lavar. 

O Nobel da Paz para Gaspar. 

O Elevador da Glória

O pudor em face da tragédia e da minha impreparação técnica e o desinteresse pela luta partidária, impedem-me de dizer para já o que quer que seja sobre este acidente. No entanto há considerações válidas, cujo o acerto os inquéritos em curso tratarão de demonstrar, e outras inenarráveis. Porque, neste e noutros casos, só há uma verdade: o Estado falha sempre quando renuncia ao seu papel. O chamado outsourcing é um expediente com funções várias: encobrir impotência, desleixo e incompetência organizacional -- basta isto, nem é preciso recorrer a expedientes fáceis como os de eventual corrupção e favorecimento de interesses particulares.

3 versos de António Correia de Oliveira

«Ondas mortas! e, sobre elas, / Espectros de caravelas, / Sombra de lenda infinita.» 

«O cativeiro», Na Hora Incerta ou A Nossa Pátria - VIII. Os Sinos do Cativeiro (1927)

quinta-feira, setembro 04, 2025

"Para todo o lado"

 



O trabalho da minha filha Capi, exposto na "Corrente de Ar".

3 versos de Américo Durão

«Olhos verdes a que chamo / Dois rouxinóis do desejo / Cantando ao desafio...»

 Tômbola (1942)

zonas de conforto

«Viu-o passar aquele meu vizinho que foi buscar um mendigo ao Porto para repartir com ele o caldo e o pão, e deu-lhe de comer à lareira, deixando-o ir embora com indiferença. /--  É um probe que põe medo... / Fujo do velho casarão abandonado e vou para a lareira do Fortunato.» Raul Brandão, O Pobre de Pedir (póst., 1931)

«Um vago e adocicado cheiro a óleo colava-se ao ar. De novo se ouviu, súbito e insólito, agora mais distante, o chocar dos vagões em manobras. / Adiante pararam. Voltados um para o outro, Lambaça e André procuravam adivinhar com que tipo de homem tinham de se haver. No escuro nada viam, porém.» Manuel Tiago, Cinco Dias, Cinco Noites (1975)

«Havia um sabor no ar. Um ímpeto secava a garganta. Ele tentara pensar na razão das suas visitas, pensar no homem que estava doente para além da porta que se abria ao lado do banco e que uma trepadeira popular engrinaldava.» Ferreira de Castro, A Missão (1954)

quarta-feira, setembro 03, 2025

terça-feira, setembro 02, 2025

o que está a acontecer

«Uma manhã de Agosto, azul e soalheira, morreu na frondosa Quinta da Roca esse homem birrento e astuto cuja voz abalava os ecos! / Jamais os servos, constrangidos, entenderiam, como um clamor de combate, a ordem imperativa  de que se servia para os pedidos mais triviais, por exemplo, aquele formidável berro com que era de uso mandar vir -- um copo de água...» José Dias Sancho, Bezerros de Ouro (póst., 1930)

«Principiara, parece, uma chuva invisível e contínua... Eu sentia-me tão frouxo que entrei no primeiro café cuja mancha luminosa esparrinhava nas pedras molhadas. Fui contra um criado que andava de cá para lá.» José Régio, Jogo da Cabra Cega (1934)

«As paixões dormem, o riso postiço criou cama, as mãos habituaram-se a fazer todos os dias os mesmos gestos. A mesma teia pegajosa envolve e neutraliza, e só um ruído sobreleva, o da morte que tem diante de si o tempo ilimitado para roer.» Raul Brandão, Húmus (1917)

serviço público: não se deixem levar por bonitas palavras vazias, para enganar lorpas

Eu, que não sou especialista em Defesa, até concordo, na generalidade, com os pressupostos aduzidos por Ana Miguel dos Santos neste artigo. Não estou eu farto de falar do desperdício do nosso soft power?, das exigências iniludíveis da nossa situação geográfica e geopolítica?, da necessidade de reavaliar o nosso conceito estratégico nacional?...

O problema deste artigo e outros que saíram e sairão é que fazem tábua rasa da situação em concreto -- ou seja, a forma como a Rússia -- superpotência militar e científica, grande potência económica, como se está a ver, e um dos padrões da cultura europeia e ocidental -- se vê ameaçada pela predação e pelas subculturas que se tornaram bandeiras ideológicas do Ocidente, e, obviamente quer ignorar o papel dos Estados Unidos na crise por eles criada, obviamente derrotados, como percebeu Trump. 

Isto é: a Europa comprou o confronto entre os Estados Unidos e a Rússia, por fraqueza e ausência de estratégia própria que não fosse a dependência dos americanos; e agora que a América quer sair, esmifrando aliás a UE, esta, patética, sem força nem orientação para além dos robertos que lhe dão a cara, quer assumir toda a despesa -- não estando nós, europeus, livres de sermos arrastados para uma guerra em largas dimensões, em virtude de provocações que ocorram no Báltico ou alhures.

Perante isto, que nos dizem as bonitas palavras de Ana Miguel dos Santos? Que Portugal, estado com todos aqueles atributos, divergindo do seu vizinho e aliado na Nato -- que por acaso é a maior superpotência mundial --, e divergindo ainda dos seus países irmãos, como gostamos de dizer, os da CPLP, deve continuar a alinhar com a acefalia da UE, e vá de ir até aos 2% e a seguir saltar para os 5% do pib em gastos militares (ditados por terceiros) e como se tal fosse possível. 

Este tipo de argumentação, que passaremos a ouvir insistentemente, nem sequer precisa que lhe aduzamos os graves problemas sociais, económicos e políticos dela decorrentes. Militar e políticamente será um desastre para a Europa e para nós por arrasto. Ou crê a articulista que a Rússia se resignará a largar a sua Ucrânia ao Ocidente?... Mas por esta andar, nem será preciso nenhuma guerra com a Rússia para rebentar com a UE -- ela prórpia, com a ajuda dos Estados Unidos disso se encarregarão.

"Coragem estratégica" é saber ler os interesses permanentes da nação portuguesa e as linhas de força que fizeram de Portugal um estado de nove séculos e que pode resumir-se nisto, pelo menos desde D. Dinis: primeiro o Atlântico, e só depois a Europa. O que Portugal tem demonstrado na guerra da Ucrânia como noutros assuntos, para além de desorientação e desleixo, tem sido, ao contrário, cobardia estratégica -- e dela dificilmente sairemos quando os dirigentes são isto. 

2 versos de João de Barros

«Ó Sol quente de Julho, ó Sol das romarias / Queimando e endoidecendo as multidões sadias;» 

«Alegria», Terra Florida (1909)

«Hate To Say I Told You So» (The Hives)

segunda-feira, setembro 01, 2025

1 verso de António de Sousa

«-- O poeta é aqui, neste senhor?»

«Pretório», Sete Luas (1943)