quinta-feira, agosto 03, 2023

Eça transformado em escritor do regime? Nem deste nem de nenhum outro

 Se, há cerca de trinta anos, deputados do PS, ou outros, propusessem trasladar os restos mortais de Eça de Queirós para o Panteao Nacional, nao seria eu quem torceria o nariz, uma vez que depositados num jazigo ao abandono num dos cemitérios de Lisboa, estavam na iminência de ir parar à vala comum. Uma, e depois outra manchete do extinto diário Europeu, impediram-no, sendo a trasladaçao feita para a imaginária Tormes, onde está e muito bem (Santa Cruz do Douro, concelho de Baiao, que Eça pôs no mapa)

No Panteao está o grande Aquilino Ribeiro, bem sei, mas Tormes tem toda uma poética que o institucional jazigo nunca terá. E depois, trata-se do Eça de Queirós, que sempre foi alérgico a estes manobrismos deputais -- a palavra verborreia foi ele quem a inventou, aplicada aos circunstantes de S. Bento.

 Todos os regimes se tentaram apropriar dele, o que é impossível pois Eça é inapropriável. Liberal, socialista, anarquista, cristao, antijacobino, deputacioná-lo para Santa Engrácia é especialmente infeliz,  por isso o que escreve Eugénio Lisboa, num texto que mao amiga me fez chegar, é justo e válido.

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