Se, há cerca de trinta anos, deputados do PS, ou outros, propusessem trasladar os restos mortais de Eça de Queirós para o Panteao Nacional, nao seria eu quem torceria o nariz, uma vez que depositados num jazigo ao abandono num dos cemitérios de Lisboa, estavam na iminência de ir parar à vala comum. Uma, e depois outra manchete do extinto diário Europeu, impediram-no, sendo a trasladaçao feita para a imaginária Tormes, onde está e muito bem (Santa Cruz do Douro, concelho de Baiao, que Eça pôs no mapa)
No Panteao está o grande Aquilino Ribeiro, bem sei, mas Tormes tem toda uma poética que o institucional jazigo nunca terá. E depois, trata-se do Eça de Queirós, que sempre foi alérgico a estes manobrismos deputais -- a palavra verborreia foi ele quem a inventou, aplicada aos circunstantes de S. Bento.
Todos os regimes se tentaram apropriar dele, o que é impossível pois Eça é inapropriável. Liberal, socialista, anarquista, cristao, antijacobino, deputacioná-lo para Santa Engrácia é especialmente infeliz, por isso o que escreve Eugénio Lisboa, num texto que mao amiga me fez chegar, é justo e válido.
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