quinta-feira, setembro 03, 2020

se pudesse, iria todos os anos e todos os dias à Festa do Avante!

Está-se lá muitíssimo bem, digo eu que nunca fui do partido. A música, o que mais me movia, estava a cargo do grande Ruben de Carvalho. Ainda tenho um Close to the Edge que lá comprei. Até eu já lá estive à venda, o que muito me honrou, em postura crítica, aliás, mas indesmentida.
Porém, não posso: tenho a praia e a Feira do Livro. tudo covid free, como se sabe.
Para o resto de peditório, não dou.

4 comentários:

Jaime Santos disse...

Acho, meu caro, que é uma tremenda imprudência da parte do PCP persistir com a realização da Festa nos mesmos moldes. O BE cancelou o seu acampamento de Verão e a própria Festa do L'Humanité em França foi substituída por debates em moldes muito distintos.

Não é obviamente possível parar o País para todo o sempre, mas todas as aglomerações de pessoas de grande dimensão podem e devem ser evitadas, e a liberdade política dos comunistas não seria coarctada se passassem sem a Festa, dizendo ao Povo que a saúde pública vale bem o sacrifício de coisas que gostamos de fazer. Nenhuma liberdade é absoluta...

As aglomerações da praia e da FL não são obviamente da mesma dimensão, convenhamos...

Finalmente, o PCP arrisca-se, se surgir algum surto localizado na Festa, a uma verdadeira shitstorm vinda dos lados da Direita. Toda a Esquerda, incluindo o Governo se arrisca a enfiar um grande barrete. Numa altura em que a Extrema-Direita procura minar a Democracia, o PCP arrisca dar-lhe um trunfo de mão beijada.

E basta olhar para a perplexidade de muitos habitantes da Amora, frequentadores da Festa para se perceber que eles também consideram tudo isto uma falta de senso...

Infelizmente, julgo que os políticos e o resto da população ainda não têm bem a noção do que é um crescimento exponencial...

R. disse...

Caro, eu iria ainda atrás. Começaria pela incoerência da política que está a ser seguida: as pessoas podem ir aos centros comerciais e aos restaurantes (percebe-se porquê), mas o Estádio da Luz e os outros, com capacidade para edzenas de milhares de pessoas não podem receber um número mínimo de espectadores (mas a Fórmula 1 e o Moto GP em Portimão já podem). Não faz sentido.

Depois o que diz dos políticos. Dou-lhe inteira razão: os agentes politíco-partidários/sociais excluíram-.se a si próprios das restrições que foram impostas. As pessoas não compreendem, é óbvio.

Sim, o PCP foi vítima de si próprio. E obviamente quem se viu privado das Festas dos tabuleiros ou do São Mateus, é claro que ficou chateado. Eu testemunhei isso.

Claro que entretanto se desencadeou uma campanha, pretendendo atingir o PC mas também, e se calhar principalmente, o Governo.

A situação é bicuda, mas uma vez avançando -- e a Festa do Avante leva meses de trabalho voluntário --, já não havia como recuar, principalmente quando a chicana política entra em acção. Aí seria perder a face.

E convenhamos: está-se muito mais seguro ali do que na Feira do Livro ou em certas praias...

Jaime Santos disse...

Perder a face, ora aí está o verdadeiro problema do PCP... O PCP sempre foi um Partido para quem as aparências contaram muito...

Nunca se passa por fraco mostrando inteligência, nem que seja para recuar... Se eles o tivessem querido fazer, poderiam sempre ter dito que o faziam por recomendação da DGS e esta certamente que o confirmaria, em face do recrudescimento do número de casos.

Parece-me que se tivessem recuado a tempo, até teriam saído por cima, como fez o PCF em França, que substituiu a sua festa por debates. E o comício com Jerónimo poderia sempre ter acontecido, não é propriamente um divertimento, e se só lá estiveram 2.000 pessoas por causa da pandemia, eles conseguiriam de certeza trazer o mesmo número de militantes sem o restante arraial (este ano, os feirantes que lá estiveram devem ter-se fartado de perder dinheiro).

Quanto à política seguida, há coisas que fazem sentido, outras não. Percebo o problema dos estádios. É possível controlar o pessoal lá dentro restringindo o número de entradas para um terço ou um quinto ou o que seja e obrigando toda a gente a sentar-se, mas o que dizer do que se passa cá fora?

R. disse...

Recuar em face da campanha da direita não me pareceria boa ideia. Acho que se precipitaram; no entanto daqui a duas semanas veremos, talvez, que estava certo.

Cá fora é como em todo lado; e talvez seja mais barato controlar mil tipos bem seccionados e controlar as imediações dos estádios, que aqueles dispositivos que acompanham as claques dos três maiores, A1 abaixo e acima...