Um estudo datado de 1908 do grande Fialho sobre o castelo de Alvito, vila alentejana nas cercanias da Vila de Frades, que o viu nascer e Cuba, onde morreu. Verdadeira dissertação em torno da arquitectura tardo-medieval, em que o autor d'Os Gatos meteu as mãos na massa dos arquivos, muito referidos em nota. E se é de Fialho de Almeida, não é de um curioso qualquer, mas de um dos maiores escritores da nossa língua. Por exemplo: um parágrafo, a propósito do despojamento dessa fortificação dos Lobos da Silveira, barões e depois marqueses de Alvito:
«A nudez das paredes caiadas e sem silhares ou lambrises de faiança ou de madeira; as janelas de poialitos toscos deladeando o portal côncavo, os pisos de adobe das câmaras e os seus toscos fogões desmoldurados, a escadaria de acesso, quase rústica, o torrejamento hirsuto e os carrancudos crenéis, tudo isto avança para nós de viseira caída, como a dizer que os Lobos daquela matilha não podiam ser senão golpeadores de espanhóis, monteiros de feras, capitães ferozes da Índia ou bandeirantes da estopa brasilenha.»
E o gozo que não dá ler-lhe a verrina intratável, no meio da erudição! O tipo gastou-se, tratou-se mal.
Faz parte do livro póstumo Estâncias de Arte e Saudade (1921).
o incipit: «O castelo de Alvito fica numa das pontas da vila, em terreno não acidentado, e é na sua projecção horizontal um quadrilátero, com quatro torres redondas nas esquinas.»
Fialho de Almeida, Em Alvito o Castelo (C.M. Alvito, 1999)
(também aqui)
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