Lembro-me de ouvir o saudoso Vasco Graça Moura, logo no início da questão, que uma das consequências da aplicação do Acordo Ortográfico seria a da progressiva e inevitável alteração no modo como se passaria a pronunciar certas palavras. Tive essa experiência, há dia, quando a minha filha mais nova estava a fazer os trabalhos de casa e me perguntou o que era um 'vetor', pronunciado com o e fechado. Não um vector, mas um vetor.
Outra consequência da bandalheira (expressão bem utilizada por Pacheco Pereira) que os poderes públicos não têm a coragem de defrontar (o único assunto em que António Costa me desapontou até agora; esperemos que a Geringonça, neste caso, continue a funcionar). Esta miséria induz em erro. Todos deveríamos saber que segunda as excepções abortivas do Aborto Ortográfico, caem as consoante mudas, e só essas. Pois acabo de ler esta lindeza no JL: "Aquela região era considerada infeta" A sério, 'infeta'?! Será infêta, ou infecta?...
Outra, fresquinha, lida ontem: abruto... Para não terminar 'abrutamente', nem à bruta, sempre direi que de vez em quando leio umas coisas das luminárias que defendem este chavascal, em que lamentam a forma aguerrida, agressiva, até, com que os opositores ao Aborto Ortográfico se manifestam. Mas como é que alguém pode manter a compostura, quando tropeça nesta ortografia, digamos, 'infeta'?...
5 comentários:
E o fantástico "contato"? Haja paciência!
Boa tarde, Ricardo :)
É um aborto ridículo. Não tem ponta por onde se lhe pegue. Também aguardo notícias do actual executivo, mas tardam. Já estive a recolher assinaturas contra esse assassinato à nossa linguagem mãe.
Ainda mais do que as alterações na sonoridade, não suporto as palavras que se tornaram homógrafas com significados diferentes, como o pára o para.
"Para para pensar". Em que mundo isto faz sentido???
Maria, não há paciência!
Dream Crusher, podemos esperar sentados. Ou a contestação em tribunal encabeçada poe Freitas do Amaral, Pacheco Pereira e outros produz resultados, ou deputados e partidos suscitam discussão a sério (e, neste particular, só tenho esperança no PCP). De qualquer modo, esta miséria mostra bem a indigência das nossas elites como um todo.
Continuo a escrever como aprendi na escola! E nem obrigada vou mudar! Já me disseram que sou retrógrada! Pois se calhar sou. Nem compro livros agora em português por causa do acordo. Vão-me faltar letras!
(Obrigada pelo seu comentário na "Maria Papa-Léguas" no "Ponto...". não consigo aprovar, proque a página está em baixo! E é muito mais bonito que o outro, não haja dúvida :-) )
Essa do 'retrográda' é de quem não tem noção do que está a dizer. Como se um assunto como a ortografia tivesse de acompanhar as 'novas tendências'. Que patetas...
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