segunda-feira, setembro 28, 2015

um olhar fixo e escuro

«Arménio sustentou o olhar dela, fixo e escuro, rasgado e molhado, tal o das vacas que ele vira agonizar, de parto mal sucedido, quando ainda o chamavam, como veterinário, para as salvar ou para lhes apressar o passamento. O que o confundia nesse olhar dela, que o atravessava, que o ignorava, era a ausência momentânea de ódio, banido pelo afluxo, pela amargura, pelo ardor, de uma irresistível saudade.»

Urbano Tavares Rodrigues, Bastardos do Sol (1959)

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