segunda-feira, agosto 11, 2025

zonas de conforto

«Palavra era palavra, mais ouro de lei que uma peça de D. João. Assinava-se de cruz e muito judeu seria aquele que negasse os dois rabiscos lavrados de seu punho, porque não era só negar dois rabiscos, mas o grande sinal de lisura e de verdade que Jesus Cristo deixou aos homens ao morrer num madeiro para nos remir e salvar! Vão lá agora com essas!...» Aquilino Ribeiro, O Malhadinhas (1922)

«O rapaz tornou a tolher-se de medo, e perguntou a meia voz: / -- Seria a alma? / -- Do senhor capitão-mor? Não me pareceu; que ela ia de saia escura e levava um saiote pela cabeça. / Neste comenos, descia o moleiro do lado da serra pela barroca escura com dois jumentos carregados de foles, e vinha cantando: // Já fui canário do rei, / Já lhe fugi da gaiola, / Agora sou pintassilgo / Destas meninas d'agora.»  Camilo Castelo Branco, Maria Moisés (1876-77)

«Diante de cada cruz pregada nos troncos da mata, tirava o seu barrete de pele de coelho, rezava uma ave-maria. Ao passear na lagoa, mais reluzente, sob a amarelidão da tarde entre os seus altos canaviais, que uma moeda de ouro nova, deixou um molho de carqueja e de achas para o ermita, que ali erguera a sua choça de rama.» Eça de Queirós, S. Cristóvão (c. 1891/1912)

1 comentário:

Manuel M Pinto disse...

«A gente critiqueira que eu mais temo é a que dispensa ler um livro, logo que teve a felicidade de lhe ver o nome na vidraça do livreiro.»
Camilo Castelo Branco, "Esboços de Apreciações Literárias" (1865)