«Mas na grande mudez e no silêncio sente-se o arfar reprimido dos peitos. / -- Jesus há-de voltar para nos dar a terra. / -- Voltar?! Os pobres hão-de ser sempre pobres! / -- Não -- teima o Manco, com o cigarro ao canto da boca --, os ricos que fiquem com o dinheiro, mas a terra é dos probes.» Raul Brandão, O Pobre de Pedir (póst., 1931)
«E adiante, num pinheiral, apesar de luzir no alto a estrelinha da tarde, e o bom trabalhador ter fome, parou até encher o saco de uma velhinha que, tremendo, e arrimada a um bordão, apanhava agulhas e pinhas. A velha murmurou: "Deus te dê alegria em tua casa!"» Eça de Queirós, S. Cristóvão (c. 1891/1912)
«Barrelas vestia-se com a estopa e o linho dos seus linhares e o burel apisoado das próprias ovelhas. Uma capucha de marca durava dois dias. / No Outono, assim que as sombrias começavam a cair nas esparrelas, um cristão recolhia-se à toca. Lar bem sortido de lenha, de porco na salgadeira, pipinha com o espicho a compasso, o boizana do temporal podia bufar.» Aquilino Ribeiro, O Malhadinhas (1922)
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1 comentário:
«Todo o homem é poeta. A religião e a mulher são duas colunas de fogo, cujas centelhas luminosas, cintilando por todos os corações, despertam este anelante sentir, esta vida espiritual, esta harmonia ingénita na humanidade, a que o acórdão universal de todas as inteligências chama: poesia.»
Camilo Castelo Branco, "Anátema" (1850)
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