«A milhã, rapineira de energia dos arrozais, pouco lá entrara; a brança só invadira um ou outro pé; e o limo e a sarna tinham ficado cá por baixo, a enfeitar a água, e a verem crescer a sua seara; sua, pois então; ninguém lhe dera tanta canseira e apaparicos.» Alves Redol, Gaibéus (1939) / «E pela porta do quintal entravam, com o sol moribundo, que vinha pintar de branco o ocre do cântaro da água, os grunhidos do cevado.» Ferreira de Castro, Emigrantes (1928) / «E quando uma vaga maior, uma vaga de respeito fez gingar o veleiro de bombordo a estibordo, Chico Afonso, o moço do barco, teve um gracejo sem eco em almas tão desconfortadas.» Manuel Ferreira, Hora di Bai (1962)
quarta-feira, outubro 04, 2023
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«E, de verdade, palpitava-se na terra o último tremor da hora voluptuosa. As giestas brancas e as giestas loiras tapetavam de flores a orla dos caminhos; no monte, os rosmanos erguiam ainda, com firmeza, suas pequeninas maçãs de Hércules apendoadas; as estevas tinham ainda bem aberta ao alto sua sombrinha indiana, duma brancura imaculada de neve; mas iam-se extinguindo as lantejoilas dos sargaços, as lágrimas do tojo, a farfalha iriada das urzes, essa cópia de flores que dão ideia, ao lance de olhos, que na serra choveu oiro, estrelas de oiro, um grande dilúvio de oiro.»
Aquilino Ribeiro, "A Via Sinuosa" (1918)
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