«Dias sem conta, Antero releu gulosamente as próprias palavras que, assim compostas noutro jornal, com outro tipo, assumiam novo sabor. Andava ufano. Aquilo estava bem! Ter a coragem de chamar aos Lusíadas com tão firme poder de síntese anacrónica o cartaz luminoso das Descobertas; escrever com tão valente garotice que Luís de Camões previu muito, sabia ver e prever, tinha o olho da previdência; definir com tamanha arte de crítica sintética, o poema épico, concurso hípico das Musas; conceder, com tão bizarra ironia: -- eu admiro ainda assim um Luís de Camões; cuidou muito bem do seu reclame; era um Luís de oiro, do oiro das Descobertas, oiro sem liga, como uma perna nua..." -- Caramba! Aquilo sim que era novo. Era coisa que vinha de algures denunciando Alguém. Antero Chumbo tinha uma obra, em marcha.»
A Calçada da Glória (1947)
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