quarta-feira, novembro 27, 2019

um pouco menos de ruído, se faz favor

Como não há para aí cão, gato ou bicho careta que não fale do Livre, eu que tenho sempre falado, e assinei para a sua formação, direi o seguinte:
1. Votei primeiro no Livre, e depois em Joacine; e assim continuarei, enquanto achar o Livre interessante -- aliás a única coisa que suscita interesse naquele hemiciclo, para além do PCP, por razões meramente históricas (sem menosprezo).
2. Joacine foi para mim uma magnífica surpresa, mesmo com uma visão da História discordante da minha.
3. Joacine enriquece o Livre, portanto faz-lhe falta.
4. Joacine 'precisa' do Livre, pois por muito inteligente, por muito gaga, por muito negra e por muito gira (que o é -- ah, o meu sexismo, impenitente e militante) que seja, é o Livre -- enquanto for o Livre -- que lhe dá brilho. Joacine sem Livre é de menos; Joacine no Berloque, no PC, no PS, seria de menos, e sozinha ainda mais de menos.
5. Ao contrário do que tenho ouvido dizer, o que me interessa no Livre é a forma quase libertária como o partido se estrutura. Apresenta dificuldades? Claro que sim -- é muito mais fácil todos responderem às ordens do dono ou do chefe. O sucesso do Livre prende-se mesmo com esta visão que os comentadores à esquerda criticam; para ser uma réplica dos outros, não me apetece.
6. A piada fácil adeja; deve dar um gozo do caraças gozar com o Rui Tavares e aproveitar para fazer amochar a Joacine, tão saliente, não é verdade? Até o rebotalho dos fedorentos andam a ganhar a vida à conta.
Como votante, e entusiasta do projecto, sugiro mais afinação e menos ruído, senão, não.

3 comentários:

sincera-mente disse...

Eu votei no Livre por razões menos "profundas". A principal foi o desejo de trazer mais diversidade e pluralismo ao Parlamento. E decidi-me pelo Livre por ser um partido de esquerda, por ter alguns pontos com que me identifico, e por me parecer o que tinha mais probabilidades de eleger deputados. Mas depois de tudo o que se tem passado (e do que ainda falta passar), valha-nos deus... Não acertam uma. Então a ideia de arregimentar um segurança/polícia dentro do próprio Parlamento para se proteger dos jornalistas é mesmo o cúmulo dos cúmulos... Que mais se poderá esperar daquelas cabecinhas? O menos que posso dizer é: mal empregado o meu voto!

Jaime Santos disse...

Há uma anedota que não posso contar aqui, mas cujo lema se pode aplicar ao Livre: Organizem-se! É que se não se organizam acontece-lhes mesmo o que aconteceu na anedota, metaforicamente falando.

Serão as dores de parto, dir-me-ão. Com certeza, mas a IL e o Chega não parecem sofrer delas e perante tanta demagogia, o Livre e Joacine são ainda mais precisos, mas para isso é desde logo evidente que têm que falar a uma só voz.

Um deputado é o representante dos seus eleitores e tem uma voz própria, mas Joacine foi eleita nas listas de um Partido e eu duvido que quem votou nela tenha apenas votado na pessoa.

A palavra anarquia é respeitável e quer dizer 'sem senhores', não é sinónimo de caos. Pode ser mais difícil fazer política sem uma liderança forte, mas têm que se mostrar igualmente eficazes, de outro modo não conseguem mostrar que fazê-lo assim pode trazer outras vantagens.

Em política, o que não funciona rapidamente se desagrega...

R. disse...

Fernando, oxalá não tenha razão. No entanto, por desagradável que o episódio seja, muito mal estariam se, ao fim de um mês, não se afinassem; e creio que a responsabilidade é partilhável.

Jaime, de acordo.