Salvator Mundi (c. 1490-1519)
(colecção particular)
Arrematada ontem, em Nova Iorque, por 381,6 milhões de euros, esta cifra é para mim irrelevante: se de Leonardo, esta pintura não tem preço, por isso tanto monta dar por ela 381 euros ou 381 mil milhões; se de Leonardo, o seu valor não tem preço. Epítome do génio humano, Leonardo é um dentre as poucas centenas de verdadeiros imortais, dos biliões de seres humanos que já viveram, por isso, tudo quanto saiu das suas mãos e do seu espírito será sempre de valor inapreensível ao mercadejar dos leilões e dos coleccionadores.
Não sei se é ou não de Leonardo, a autoria está sujeita a discussão. Para mim, leigo em história da arte, há dois dados que me parecem seguros: em primeiro lugar, trata-se de uma obra a muitos títulos magnífica; depois, afigurasse-me quase incontroverso que este Salvator Mundi não pode deixar de ter saído da sua oficina, dele só ou com os aprendizes.
E se eu fosse bilionário, caprichoso no gosto e no luxo de ter um Leonardo para contemplar em minha casa e mostrá-lo aos outros? Impossível pôr-me nesse lugar (nem mil, quanto mais bil...); porém uma aquisição como esta só faria sentido partilhando-a com a comunidade, doando-a ao país, com as devidas salvaguardas quanto à sua integridade e garantias de nunca ela ser passível de alienação. É preciso ter um ego transviado para guardar isto só para si.
2 comentários:
A Arte, tal como muitas actividades, hoje, é uma instituição descontrolada. Tal como a Banca. Eu creio que esta compra de um Da Vinci (?) tem unicamento a ver com um mero investimento. Numa mesma sequência e escalada de um consumismo desenfreado.
E bem provável. Ou talvez o coleccionador venha a ser um benemérito, e faça lá o seu museu...
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